Sob o título “Jesus vem ao nosso encontro”, D. Manuel Felício divulgou a sua mensagem de Natal, começando por reconhecer a importância da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). “Vamos viver o Natal, com a memória ainda muito fresca do acontecimento que foi, em agosto passado, a JMJ. Concentraram-se em Lisboa centenas de milhar, mas também na semana anterior, por todas as cidades, vilas e aldeias de Portugal, foi igualmente um mar de jovens vindos de todas as partes do mundo”, afirmou em conferência de imprensa com os jornalistas da diocese.
Mas, a mensagem de Natal do prelado diocesano aponta, também, fragilidades, ao observar que “este Natal encontra os portugueses envolvidos em alguns fatores de desilusão, que não podem ser ignorados” e sublinha que “se continuamos com um afastamento das forças políticas do real interesse do povo, não chegamos a parte nenhuma".
"Há o risco de as pessoas, dizerem: Ai! É assim? Fiquem-se lá que eu governo-me sem vós e sem voto. Precisamos de compromisso e aproximação. São os momentos de desilusão, que levam as pessoas a virarem-se para extremos", alerta.
Citando os dados de um recente inquérito feito por especialistas, em 30 países da Europa, incluindo Portugal, o Bispo da Guarda salienta que “nele se conclui que os portugueses estão muito desiludidos com os políticos e com os partidos políticos; e também porque a justiça parece, entre nós, funcionar pelo menos a duas velocidades, uma para os ricos e outra para os pobres, sendo que é célere, quando os incriminados são os pobres e lenta em demasia, quando se trata de ricos”.
Ainda assim, D. Manuel Felício salienta um aspeto positivo que neste inquérito se revela: “É que, no conjunto dos países inquiridos, os portugueses são aqueles que manifestam maior acolhimento para os imigrantes. Tranquiliza-me pela positiva que o comum dos portugueses tenha uma atitude positiva e de aceitação para com os que nos procuram.
"Temos aqui uma povoação, no Jarmelo, exemplo de gente que dá vida àquela terra. O comum dos portugueses acolhe os imigrantes. O Antigo Seminário do Fundão por exemplo está a cumprir bem essa função”, exemplifica.
“Felizmente que temos já, entre nós, alguns bons exemplos, mas precisamos de os multiplicar e desenvolver. Quando quase dez por cento da população portuguesa já é constituída por estrangeiros (os números apontam para 800 mil) este cuidado não pode faltar”, destaca ainda D. Manuel Felício.
Já na conclusão da mensagem, D. Manuel Felício direciona o olhar para a justiça que “é um assunto recorrente na mensagem deste Tempo do Advento”. O Bispo da diocese da Guarda refere que “não é tolerável a excessiva morosidade dos processos e que, em muitos deles, a culpa continue a morrer solteira".
"A justiça é o calcanhar de Aquiles do nosso sistema, a justiça com a morosidade que já nos habituou, com várias espécies de justiça, para aqueles que podem custeá-la e para os que não podem, isso não anima ninguém. A justiça é um assunto que quando não funciona, deixa muita gente a sofrer, é um assunto recorrente já dos profetas do Antigo Testamento, diziam: meus amigos vejam lá se não se deixam comprar”.