A pensar no "país real", Marcelo defende estímulo do consumo interno
18-01-2016 - 17:14

O candidato quer "um modelo económico que possa fazer convergir a aposta na exportação com o papel permanente e insuperável do estímulo do consumo interno".

O candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa defendeu esta segunda-feira que a economia portuguesa precisa de "um modelo realista", que aposte na exportação, mas não esqueça "o papel permanente e insuperável do estímulo do consumo interno".

Num encontro com comerciantes, em Lisboa, o social-democrata afirmou que "uma coisa é não apostar de forma exclusiva ou excessiva no consumo interno, outra coisa é esquecer a realidade da actividade económica interna, que produz para consumo interno".

Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que é preciso ter em conta a realidade do país e as dificuldades do comércio: "Muitas vezes tenho a noção, respeitando naturalmente os especialistas, de que uma coisa é olhar-se para Portugal a partir de esquemas teóricos de gabinete, outra coisa é conhecer-se o país real. São duas coisas diferentes.”

"É muito importante construir esquemas teóricos inovadores para mudar o país, mas não é menos importante olhar para o país real que temos, andar pelas ruas, ver o que abre e o que fecha, ver novas iniciativas que existem, mas também iniciativas importantes que estão a morrer. Ver o que é em muitas localidades a morte de um comércio que é essencial para a vida dessas localidades, e que depois acentua o despovoamento e pode levar à desertificação", reforçou.

O neto de comerciante fascinado pela realidade

O antigo presidente do PSD falava num almoço organizado em conjunto pela União de Associações do Comércio e Serviços e pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, na Casa do Comércio, em Lisboa.

No início do seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa disse que é "neto de comerciante", embora não tenha conhecido o seu avô, que trabalhou no comércio em Portugal, no Brasil e em Angola.

"Mas a tradição familiar é a de uma família de comerciantes", prosseguiu o candidato presidencial, acrescentando: "E ficou, para a criança que eu era, um fascínio pela realidade, pelo papel, pela missão do comércio, que é uma missão histórica no nosso país".

Ao longo da sua história, "Portugal teve sempre uma vocação no domínio do comércio, cá dentro e lá fora", referiu.

O professor universitário de direito defendeu que "um modelo económico que possa fazer convergir a aposta na exportação com o papel permanente e insuperável do estímulo do consumo interno".

Marcelo pôs a ênfase no "estímulo do consumo interno", descrevendo a actual conjuntura como um momento "em que há carências sociais básicas a satisfazer, em que há que reconstruir a coesão social" e "estimular o emprego".

“Um país feito de pessoas de carne e osso”

O candidato presidencial com recomendações de voto de PSD e CDS-PP mencionou, também, que "as economias estão mais perto da deflação do que da inflação" e sustentou que "há que encontrar formas complementares de contribuir para o crescimento económico".

Por outro lado, chamou a atenção para "o país real", no qual, em "muitas localidades" se verifica "a morte de um comércio que é essencial para a vida dessas localidades, e que depois acentua o despovoamento".

"Esse país real é um país que completa o país teórico, ganha com o país teórico, mas é um país feito de pessoas de carne e osso, que não podem ser ignoradas. É no equilíbrio entre os dois que deve residir a procura de um modelo realista para a nossa economia", concluiu.