A solução encontrada para o Novo Banco foi criticada por todos os partidos, com excepção do PS, no debate desta quarta-feira na Assembleia da República.
Num debate de actualidade a pedido do Bloco de Esquerda (BE), o PSD fala num "mau negócio para o Estado" e também apontou responsabilidades ao BE e o Partido Comunista, pela venda do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star.
"O Governo só tomou esta decisão porque a cada semana BE, PCP e PS se juntam no seu apoio. Só existe este mau negócio porque este Governo decidiu, só existe Governo porque estes partidos o apoiam", acusou o deputado do PSD António Leitão Amaro, para quem “preferir a venda não é aceitar qualquer negócio”.
A deputada do CDS Cecília Meireles disse que o Governo socialista "falhou" os objectivos definidos para a venda do Novo Banco e também aponta culpas ao BE e ao PCP.
"O Governo está a negociar com a legitimidade que os senhores lhe dão e disso não há como fugir", reforçou a deputada centrista, criticando que o Fundo de Resolução fique obrigado a responder "até 3,9 mil milhões de calotes deste Novo Banco".
O BE criticou o executivo por apresentar, no negócio do Novo Banco, duas "ficções", uma em torno do "custo zero da venda" e outra apontando que "não haveria alternativa" neste processo.
“Senhores deputados do PS, não vale a pena entrarem em negação e quererem convencer alguém de que não há custos para os contribuintes e que o Fundo de Resolução e, portanto, a banca ficará com o fardo. Lembrem-se que Passos Coelho tentou convencer-vos disso mesmo e os senhores deputados nunca acreditaram naquilo que vos estava a ser dito. O fundo de resolução é uma fachada”, afirmou a deputada bloquista Mariana Mortágua.
O PCP e o Partido Ecologista "Os Verdes" reiteraram que o Novo Banco devia ser mantido na esfera pública e servir de impulso para dinamizar da economia portuguesa.
O deputado comunista Miguel Tiago diz que há alternativa à venda e promete levar a debate na Assembleia da República uma resolução a defender a manutenção do banco na esfera do Estado.
O deputado socialista Eurico Brilhante Dias afirmou que a fórmula encontrada pelas autoridades para vender o Novo Banco é a "menos má" possível, realçando que era "péssimo" o ponto de partida deste negócio.
Centeno garante que venda protege contribuintes
Perante as críticas, o ministro das Finanças, Mário Centeno, considerou que a solução encontrada para alienar o Novo Banco, não sendo perfeita, é "equilibrada" (palavra que António Costa também usou na entrevista que deu terça-feira à Renascença), tendo presente a necessidade de proteger os contribuintes portugueses.
"Esta é uma solução equilibrada e que tem presente a necessária protecção dos contribuintes, da economia, da estabilidade da instituição e do sistema financeiro. Não quer dizer que tenha sido a solução perfeita na perspectiva do Estado. Mas foi a melhor entre as alternativas que se apresentaram neste processo", afirmou o governante.
Mário Centeno sublinhou que "as alternativas seriam bem piores".