A pobreza aumentou, em 2020, em Portugal. Os dados da Pordata publicados esta segunda-feira em que se assinala o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza mostram que Portugal é já o décimo terceiro país mais pobre da União Europeia.
A diretora do centro de estatística, Luísa Loura, explica à Renascença, a que “Portugal tem 4,5 milhões de pessoas em situação de pobreza, tendo em conta apenas os rendimentos, um número que se reduz para 1,9 milhões de pessoas quando são considerados os apoios sociais”.
De acordo com Luísa Loura, o aumento da pobreza de 12,5% é explicado pela pandemia e o efeito que teve no turismo, “um ponto que pode justificar o facto de Portugal ter sido o país onde a pobreza mais cresceu”.
Entre os que são mais pobres, o destaque é dado às famílias com filhos e às famílias monoparentais, por ter sido o sector onde a pobreza se expandiu. Dados das Pordata mostram que 40% das famílias portuguesas tinham em 2020 rendimentos abaixo dos 830 euros.
Portugal é ainda o segundo país com mais pessoas a viver em habitações com más condições. Pior que Portugal, só o Chipre. Luísa Louro diz que para além das más condições um dos dados mais preocupantes é o facto de no ano passado cerca de 5,3% dos portugueses considerados pobres mesmo recebendo apoios sociais tiveram dificuldade em aquecer a casa no último ano, um número que deverá subir este ano tendo em conta as previsões.
A subida da inflação vai colocar a população ainda mais vulnerável sobre o risco de pobreza. De acordo com a análise da Pordata da Fundação Francisco Manuel dos Santos, é preciso recuar a 1922 para vermos uma inflação tão alta (9,3%). Inflação que de acordo com o simulador da Pordata faz com que quem recebe o salário mínimo de 705 euros veja o seu poder de compra reduzido em 639 euros, uma valor não muito distante dos 554 euros definidos para delimitar o risco de pobreza.
Apesar dos baixos rendimentos e da quantidade de população em risco de pobreza, Portugal é dos país que tem mais refeições asseguradas para os pobres. Luísa Loura admite que parte da responsabilidade neste ponto é das instituições de caridade que asseguram refeições aos mais necessitados.