Pais "receiam represálias sobre alunos" que denunciam problemas nas cantinas
13-11-2017 - 19:43
 • Ana Rodrigues

Federação Regional de Lisboa de Associações de Pais sai em defesa de aluna que filmou lagarta na refeição e foi alvo de processo disciplinar. Escola "está a impedir o uso de direitos consagrados na Constituição”.

Há um verdadeiro clima de medo nas escolas, diz a Federação Regional de Lisboa de Associações de Pais (FERLAP). Depois das notícias que vieram a público sobre a má qualidade das refeições escolares, o caso ganhou outra dimensão depois de uma aluna de Braga que fotografou uma lagarta na comida ter sido ameaçada de suspensão pela direcção da escola.

Em carta aberta enviada esta segunda-feira ao ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e deputados da Assembleia da República, Isidoro Roque, presidente da FERLAP, refere que “a direcção da escola não só não podia ter feito o que fez, mas arrisca-se a ser penalizada porque está a impedir o uso de direitos consagrados na Constituição”.

Isidoro Roque acrescenta que “os alunos têm direito à informação e a lutar pelos seus direitos quando o Estado não os protege”.

Segundo este responsável, é preciso que se tomem medidas, já que “o Ministério terá todo o interesse que isto seja clarificado, porque o Governo paga sempre as refeições, sejam de boa ou má qualidade”.

“Não conseguimos perceber porque é que se está a fazer este encobrimento, que nada mais é que um branqueamento da realidade”, acusa o presidente da FERLAP.

Isidoro Roque refere que, até agora, e apesar das muitas cartas enviadas, nunca recebeu qualquer resposta do Ministério da Educação.

Perante esta situação, a Federação Regional de Lisboa de Associações de Pais chama a atenção para o facto de continuarem “a chegar queixas da má qualidade e pouca quantidade de comida”.

“E mais grave, neste momento os pais começam a não querer que sejam publicadas as fotografias que nos enviam. O receio de represálias sobre os alunos começa a estar instalado”, alerta o presidente da FERLAP em carta aberta, que cita o artigo 21º e artigo 37º da Constituição da República Portuguesa.

A Renascença tentou obter esclarecimentos junto do Ministério da Educação sobre esta denuncia, mas não obtivemos até agora qualquer resposta.