A maioria dos países da União Europeia mostra-se favorável a novas medidas de prevenção da Covid-19, o que pode contrariar a sensação de que a pandemia já terminou.
Países como Itália, Espanha, França e Reino Unido já tomaram medidas no âmbito de reforçar o controlo e a despistagem da Covid-19.
Na China, a situação pandémica continua a assombrar o país, com notícias recentes a relatar que cerca de 70% da população de Xangai possa estar infetada.
Que medidas de proteção contra a Covid-19 se têm preconizado na Europa?
Na prática, os países do bloco comunitário ponderam que sejam pedidos testes de Covid-19 a todos os viajantes procedentes da China, mesmo antes de saírem do país.
A intenção passa também por recomendar aos viajantes a adoção de medidas de higiene pessoal, como o uso de máscara nos voos com partida da China, e o controlo de águas residuais dos aviões, de maneira a monitorizar o eventual surgimento de novas variantes.
Há alguns Estados que já optaram por medidas mais rigorosas, entre os quais Espanha, que retomou o controlo de viajantes procedentes da China, embora outros, como a Bélgica, tenham optado por não exigir realização de um teste a quem vier do país asiático.
Mas qual é o cenário na China? Há um aumento substancial de infeções?
É um facto que os números carecem sempre de alguma confirmação, havendo dúvidas sobre a real dimensão da situação pandémica no país. No entanto, na última semana de dezembro, a OMS estimava mais de 30 milhões de novos infetados.
As consequências têm-se traduzido na falta de medicamentos e até na desconfiança em relação ao número oficial de mortes, que é baixo, mesmo com as filas de carros funerários à porta de crematórios. Não é possível ter dados de infeções, porque deixou de ser feita testagem em grande escala.
Em grandes cidades como Xangai, marcada por confinamentos compulsivos ainda em dezembro, o metro e muitos locais públicos estavam quase vazios. Não pelas medidas de contenção, mas por haver um surto de Covid-19.
E por que razão há esse aumento de infeções?
Terá que ver com o relaxamento das medidas anti-Covid. Esta postura das autoridades chinesas deveu-se, sobretudo, aos inéditos protestos contra as restrições pesadas da pandemia, registados ao longo do mês de novembro.
Por outro lado, trata-se de uma época do ano com um fluxo migratório mais intenso, o que potenciará mais infeções.
Os problemas na vacinação contra a Covid-19 também se somam à equação. A China apenas recorre à vacina produzida no país - CoronaVac -, que, segundo estudos recentes, tem uma eficácia mais reduzida.
As autoridades de saúde chinesas também têm sentido dificuldades em sensibilizar a população mais velha para a vacinação.
Isto quer dizer que podemos ser confrontados com uma nova pandemia à larga escala?
Não necessariamente. Alguns especialistas desvalorizam a ideia de que o aumento do número de infeções na China, nas últimas semanas, seja o prenúncio de uma grande ameaça para o mundo.
"O mais provável é que o vírus se vá comportar como qualquer outro vírus, adaptando-se ao ambiente e ficando cada vez mais transmissível e menos virulento."
Portugal também admite adotar medidas mais restritivas?
Admite, mas se for necessário. O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, já admitiu à Renascença que tem um plano pronto para ser aplicado, se e quando for necessário.
Ainda assim, o ministro recorda que só há um voo direto entre Portugal e China. No entanto, há um quadro de deslocações no espaço da União Europeia muito intenso, até entre países que têm uma ligação mais forte com Pequim.
Quando é que poderão surgir decisões definitivas?
Depois da hipótese admitida esta terça-feira pelo Centro Europeu de Prevenção de Doenças, o debate prossegue esta quarta-feira, segundo a Comissária Europeia da Saúde, Stella Kyriakides.
Na reunião do Grupo de Resposta Política Integrada a Crises (IPCR), em que participam representantes das instituições europeias, dos Estados-membros e outros especialistas, haverá uma eventual tomada de decisões concretas.