Durão Barroso alerta: "É preciso ver onde se vai buscar dinheiro para tudo"
21-06-2022 - 17:55
 • Sandra Afonso

Antigo presidente da Comissão Europeia considera que o mundo está numa "numa situação muito grave".

Durão Barroso diz que a crise energética está fora de controlo e questiona se há dinheiro para resolver todos os problemas levantados pela espiral inflacionista.

No evento anual da Fundação José Neves, o antigo presidente da Comissão Europeia elenca os vários desafios que o mundo tem pela frente.

“Não diria que há uma completa reversão da globalização, mas estamos pelo menos noutro tipo de globalização, que economicamente tem mais fricção, tem custos mais elevados e mais incerteza. Isso gera inflação”, começa por referir Durão Barroso.

“Eu acho que estamos numa situação muito grave, acho que esta questão da energia está fora de controlo, a transição climática - que eu apoio - vai ter custos financeiras muito grandes e é preciso ver onde se vai buscar dinheiro para tudo: para fazer a transição energética, apoiar os refugiados, apoiar a Ucrânia, apoiar as famílias que estão a sofrer com o aumento do custo de vida, também as empresas”, adverte o antigo primeiro-ministro.

Durão Barroso, presidente da Goldman Sachs International, alerta também que a guerra na Ucrânia será longa e terá consequências profundas.

“Se houvesse um acordo de cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia, a verdade é que a tensão iria continuar. Há desconfiança, não vai haver reconciliação, nem solução a curto prazo. Temos que estar preparados para um conflito longo, com consequências profundíssimas a médio e longo prazo. O mundo não é o mesmo desde 24 de fevereiro, desde que a Rússia invadiu a Ucrânia.”

Ainda segundo Durão Barroso, a economia russa está destruída e este ano será ultrapassada por Espanha. “A Rússia tem sido um desastre do ponto de vista económico”, sublinha.

Quanto à China, ao contrário do que se diz, não está satisfeita com a aliança com Moscovo. Segundo o antigo chefe de Governo português, o mundo está a dividir-se em blocos, à semelhança do que acontecia na Guerra Fria, e isso não interessa nem agrada a Pequim.