O escritor Manuel Alegre afirma que o músico Chico Buarque, vencedor do Prémio Camões 2019, tem contribuído para a difusão da língua e da cultura portuguesas, considerando-o das pessoas mais conhecidas no mundo artístico da língua portuguesa.
"Ele tem qualidade como artista, como compositor, como cantor, mas, sobretudo, como autor com características variadas múltiplas, todas elas ricas e enriquecedoras da língua portuguesa e da difusão da língua portuguesa. É provavelmente uma das pessoas mais conhecidas hoje no mundo artístico de língua portuguesa", disse Manuel Alegre, em declarações à agência Lusa.
O poeta português, vencedor do Prémio Camões 2017, deu os parabéns a Chico Buarque e mostrou-se "muito satisfeito" por o músico brasileiro receber o Prémio Camões 2019, acrescentando que este, "de muitas formas, tem contribuído para a difusão da língua e da cultura portuguesa: como músico, como poeta, como autor teatral e como romancista".
"É um autor muito popular, e o facto de ser popular e de as suas obras chegarem longe, mostram que ser popular não é impeditivo de um autor poder ter qualidade e chegar ao Prémio Camões", frisou Alegre.
O músico e escritor Chico Buarque é o vencedor do Prémio Camões 2019, hoje anunciado, após reunião do júri, na Biblioteca Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro.
Chico Buarque fora já distinguido duas vezes com o prémio Jabuti, o mais importante prémio literário no Brasil, pelo romance "Leite Derramado", em 2010, obra com que também venceu o antigo Prémio Portugal Telecom de Literatura (atual Prémio Oceanos), e por "Budapeste", em 2006.
O músico e escritor foi escolhido pelos jurados Clara Rowland e Manuel Frias Martins, indicados pelo Ministério português da Cultura, pelos brasileiros Antonio Cícero Correia Lima e António Carlos Hohlfeldt, pela professora angolana Ana Paula Tavares e pelo professor moçambicano Nataniel Ngomane.
Escritor, compositor e cantor, Francisco Buarque de Holanda nasceu em 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro.
Estreou-se no romance com "Estorvo", em 1991, a que se seguiram "Benjamim", "Budapeste", "Leite Derramado" e "O Irmão Alemão", publicado em 2014.
Em 2017, venceu em França o prémio Roger Caillois pelo conjunto da obra literária.
O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, com o objetivo de distinguir um autor "cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum".
Foi atribuído pela primeira vez, em 1989, ao escritor Miguel Torga. Em 2018 o prémio distinguiu o escritor cabo-verdiano Germano Almeida, autor de "A ilha fantástica", "Os dois irmãos" e "O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo", entre outras obras.