O presidente do Partido Social Democrata (PSD) reagiu este sábado no Twitter à entrevista concedida por António Costa ao semanário "Expresso", na qual, segundo Rui Rio, o primeiro-ministro "se volta a declarar" ao Bloco de Esquerda e ao Partido Comunista, "propondo um casamento em regime de comunhão geral".
"Na mesma entrevista apaixonada em que se volta a declarar ao BE e ao PCP, dizendo que não consegue viver sem eles, e propondo um casamento em regime de comunhão geral, António Costa diz que o centro político se revê no PS e não no PSD. E esta, hem?", escreveu Rui Rio naquela rede social.
A acompanhar, surge a imagem de um cartaz de campanha do líder social democrata, onde se lê "Rui Rio. Portugal ao Centro."
Na entrevista de Costa ao "Expresso" este fim de semana, o primeiro-ministro diz que, "no dia em que a sua sobrevivência depender do PSD, este Governo acabou".
"Já disse muito claramente ao PCP e ao BE que não vale a pena ter esse sonho da construção de blocos centrais. E é manifesto que o PSD já disse que não os quer. O interesse que o PSD manifesta é de dialogar com o Chega, portanto isso é outro caminho novo que se está a abrir na direita portuguesa. Há uma tentação, que não digo que seja do Jerónimo de Sousa ou da Catarina Martins, que percebo ser de alguns estrategos do PCP e do BE, que dizem: “Ah, agora é que vai ser, eles vão ser obrigados a governar à direita.” Já expliquei com muita clareza: esse sonho não se vai realizar. No dia em que a subsistência deste Governo depender de um acordo com o PSD, nesse dia este Governo acabou."
Em outras declarações já comentadas por Catarina Martins, que as classificou de "ultimato que não resolve nada", Costa também diz que, "se não houver acordo" à esquerda para aprovar o Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021), o país vai enfrentar "uma crise política".
"Problemas não se resolvem com ameaças", diz PCP
Também em reação à entrevista de António Costa, o PCP enviou um comunicado às redações no qual sublinha que "não basta" a Costa declarar que não quer nada com o PSD.
"Mais do que palavras, o que decide são as opções, soluções e caminhos escolhidos para responder aos problemas nacionais", refere o gabinete de imprensa comunista. "Não basta declarar que não se quer nada com o PSD, é preciso que não se façam as mesmas opções que este faria. Tanto mais quando se continuam a registar, em diversas matérias relevantes, convergências entre os dois partidos."
Sobre o facto de Costa ter invocado uma possível crise política caso não haja acordo para aprovar o OE 2021, o partido dirigido por Jerónimo de Sousa responde que "os problemas não se resolvem ameaçando com crises, mas sim encontrando soluções para responder a questões inadiáveis que atingem a vida de milhares de pessoas".