A Superliga Europeia terá efeito "devastador" sobre o crescimento e desenvolvimento do futebol feminino na Europa, defende Nadine Kessler, antiga jogadora e atual diretora do departamento na UEFA.
Num comunicado publicado nas redes sociais, a antiga centrocampista alemã lembra que, num "comentário deslocado" no anúncio da Superliga Europeia, era feita referência à intenção de estender a competição ao futebol feminino. Nadine Kessler refere que "esta notícia chega sem qualquer consulta e numa altura em que a Liga dos Campeões feminina se prepara para uma transformação estrutural a partir do verão".
"É uma ameaça direta a todos os planos que foram cuidadosamente delineados, juntamente com a ECA, os vossos clubes e os campeonatos, para uma nova Liga dos Campeões feminina [UWCL]. A nova UWCL trará visibilidade e maior competitividade, recompensa financeira e solidariedade, tudo com o objetivo de introduzir uma nova era para todo o futebol feminino. Uma competição que será aberta e, portanto, permitirá que clubes e jogadores de toda a Europa continuem a sonhar com a conquista do mais prestigioso troféu de clubes do mundo", lê-se.
Travão na profissionalização
Nadine Kessler, que venceu a Bola de Ouro, o Europeu e a Liga dos Campeões enquanto jogadora, lembra que a profissionalização e desenvolvimento do futebol feminino "estão ainda no início" e que "apenas uma pequena porção das jogadoras" faz da modalidade a sua profissão a tempo inteiro e têm acesso "a infraestruturas de topo":
"Ainda que a modalidade tenha dado, recentemente, enormes passos em frente, precisamos do investimento de mais clubes, federações e organizações governamentais para fornecer estruturas profissionais de que mais jogadoras possam beneficiar. E não só precisamos de mais clubes, mas também de um melhor equilíbrio entre esses clubes, para que mais do que apenas algumas jogadoras de elite possam ter sucesso."
A antiga internacional alemã, de 33 anos, salienta que os clubes devem poder sonhar com chegar ao topo do futebol europeu, a Champions.
"Com uma Superliga Europeia feminina fechada, isso não será possível. Obviamente, esta competição seria igualmente devastadora para todas as ligas nacionais, que fizeram enormes esforços para profissionalizar o futebol feminino", sublinha Nadine Kessler, em comunicado.