António Sarmento. "Nenhum partido vai cometer o erro" de tirar Fernando Araújo do SNS
31-12-2023 - 08:46
 • Pedro Mesquita

Para o chefe do serviço de doenças infecciosas do Hospital de São João a atual situação dos serviços de urgência do SNS "é um alarme", mas confia na "capacidade de trabalho" do diretor executivo do SNS.

Ganhe quem ganhar as próximas legislativas, nenhum partido vai cometer o erro de afastar o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, é a expectativa de António Sarmento, chefe do serviço de doenças infecciosas do Hospital de São João, no Porto.

Em declarações à Renascença, o médico confessa acreditar que será Fernando Araújo o único que o poderá salvar o Serviço Nacional de Saúde. Com a aproximação das eleições legislativas, António Sarmento defende que o o primeiro diretor executivo do SNS será usado "como trunfo" por qualquer partido que saia vencedor.

"Nenhum partido vai cometer o erro, seja qualquer partido, de tirar [Fernando Araújo] do SNS."

O médico, que em dezembro 2020 foi o primeiro vacinado contra a Covid-19, acrescenta que, "em quarenta anos de serviço", não se deparou com nenhum profissional "com a capacidade de trabalho" de Fernando Araújo. Dessas décadas de serviço, lembra, os dois trabalharam largos anos em conjunto.

António Sarmento refere que o pico de mortalidade verificado no Natal é relevante para as vidas perdidas mas que, em termos estatísticos, este pico não é significativo comparativamente a épocas festivas de anos anteriores.

"Houve nos últimos anos muitíssimos semelhantes" ao deste Natal, acrescenta.

Quando questionado sobre a situação atual dos serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde, mosta-se preocupado: "é um alarme".

O médico lembra que um médico alocado ao serviço de urgência pode ter a capacidade para atender a 25 utentes, mas, certamente, terá mais dificuldade em assitir 40.

"Umas urgências sobrecarregadas vão fazer com que os doentes sejam menos bem vistos"

António Sarmento acrescenta que, nos últimos 20 anos, tem-se assistido a um "emagrecimento" do SNS, em vez de a uma adaptação às necessidades correntes. E sublinha que "tudo isto é fruto de muita coisa que vem de trás. Temos gastado imenso dinheiro a tapar remendos, particularmente remendos mediáticos."