Ganhe quem ganhar as próximas legislativas, nenhum partido vai cometer o erro de afastar o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, é a expectativa de António Sarmento, chefe do serviço de doenças infecciosas do Hospital de São João, no Porto.
Em declarações à Renascença, o médico confessa acreditar que será Fernando Araújo o único que o poderá salvar o Serviço Nacional de Saúde. Com a aproximação das eleições legislativas, António Sarmento defende que o o primeiro diretor executivo do SNS será usado "como trunfo" por qualquer partido que saia vencedor.
"Nenhum partido vai cometer o erro, seja qualquer partido, de tirar [Fernando Araújo] do SNS."
O médico, que em dezembro 2020 foi o primeiro vacinado contra a Covid-19, acrescenta que, "em quarenta anos de serviço", não se deparou com nenhum profissional "com a capacidade de trabalho" de Fernando Araújo. Dessas décadas de serviço, lembra, os dois trabalharam largos anos em conjunto.
António Sarmento refere que o pico de mortalidade verificado no Natal é relevante para as vidas perdidas mas que, em termos estatísticos, este pico não é significativo comparativamente a épocas festivas de anos anteriores.
"Houve nos últimos anos muitíssimos semelhantes" ao deste Natal, acrescenta.
Quando questionado sobre a situação atual dos serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde, mosta-se preocupado: "é um alarme".
O médico lembra que um médico alocado ao serviço de urgência pode ter a capacidade para atender a 25 utentes, mas, certamente, terá mais dificuldade em assitir 40.
"Umas urgências sobrecarregadas vão fazer com que os doentes sejam menos bem vistos"
António Sarmento acrescenta que, nos últimos 20 anos, tem-se assistido a um "emagrecimento" do SNS, em vez de a uma adaptação às necessidades correntes. E sublinha que "tudo isto é fruto de muita coisa que vem de trás. Temos gastado imenso dinheiro a tapar remendos, particularmente remendos mediáticos."