Coronavírus. Portugueses em Wuhan "estão saudáveis" e protocolos para os retirar são precaução
28-01-2020 - 07:16
 • Lusa

Governo português quer retirar por via aérea os portugueses retidos em Wuhan, cidade que, entretanto, foi colocada em quarentena. Pelo menos 106 pessoas morreram e 4.500 foram infetadas a nível mundial.

A diretora-geral da Saúde disse que os portugueses a viver em Wuhan, a cidade chinesa de onde é originário o novo coronavírus, "estão saudáveis" e estão previstos protocolos de saúde para uma eventual retirada desses cidadãos.

"À partida, tanto quanto sabemos, eles [os cidadãos portugueses a viver em Wuhan, na China] não estão com sintomas, nem com sinais de doença. Estão saudáveis e estão bem. Virão [para Portugal] como qualquer outro passageiro assintomático", afirmou Graça Freitas.

O Governo português quer retirar por via aérea os portugueses retidos em Wuhan, cidade que, entretanto, foi colocada em quarentena.

Num comunicado dirigido aos cerca de 20 cidadãos nacionais que residem na cidade, a embaixada portuguesa esclareceu na segunda-feira que iniciou "de imediato todos os passos" para proceder à retirada, recorrendo a um avião civil fretado, que leve estes portugueses "diretamente para Portugal".

Graça Freitas explicou que, "como eles vêm do epicentro da doença", à chegada a Portugal será feita uma "pequena história clínica, para perceber se estiveram em contacto com doentes" infetados com o novo coronavírus ou se estiveram em contacto com animais.

"[Se estes cidadãos não apresentarem sintomas] ficamos a saber para onde vão, ficamos com o contacto deles, damos o contacto das autoridades de saúde da área de residência para, se nos próximos dias desenvolverem sintomatologia, poderem contactar essa autoridade de saúde", prosseguiu a responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Na eventualidade de algum destes portugueses desenvolverem sintomas, deverão contactar as autoridades de saúde recomendadas pela DGS, indicar se tiveram contacto com outras pessoas fora da residência, com doentes ou animais e poderá também ser pedida "alguma precaução de isolamento social".

Graça Freitas explicou ainda que haverá protocolos de saúde completamente diferentes se "eles estiverem doentes já lá [em Wuhan]" ou se exibirem sintomas a bordo do avião. Passará pelo comandante alertar as autoridades de saúde em terra e esses doentes serem retirados.

Situada no centro da China, a cidade de Wuhan foi colocada na semana passada sob uma quarentena de facto, com saídas e entradas interditas pelas autoridades durante período indefinido, apanhando os residentes de surpresa.

O Governo português estudou inicialmente uma retirada via terrestre para Xangai, no leste da China, de onde os portugueses voariam para Portugal. No entanto, a passagem por terra necessitaria das autorizações das províncias que separam Hubei de Xangai, o que "levaria mais tempo que o previsto a ser obtido" e exigiria que os cidadãos portugueses fossem colocados sob quarentena num desses territórios antes de saírem da China.

Lisboa equaciona ainda realizar aquela operação em conjunto com os esforços de evacuação de outros países da União Europeia, dentro do mecanismo de solidariedade europeu, previsto para este tipo de situações.

Pelo menos 106 pessoas morreram e 4.500 foram infetadas pelo novo coronavírus.

A doença foi identificada como um novo tipo de coronavírus, semelhante à pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong.