A indústria produziu mais de nove mil milhões de toneladas de plástico desde 1950, uma quantidade suficiente para colocar a ilha de Manhattan, em Nova Iorque, sob um manto de lixo com uma espessura superior a 3,2 quilómetros.
Esta conclusão de um estudo publicado pela revista Science Advances, levou o seu principal autor, Roland Geyer, ecologista industrial na Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, a afirmar: "À taxa actual, estamos a dirigir-nos para um planeta de plástico".
O plástico não desaparece como muitos outros materiais produzidos pelo homem, pelo que três quartos acabam em lixeiras, abandonados na superfície terrestre ou em oceanos, lagos e rios.
O crescimento acentuado na utilização do plástico verificou-se depois da II Guerra Mundial e hoje este material está por todo o lado.
É usado na armazenagem, como garrafas de plástico, ou bens de consumo, como telemóveis ou frigoríficos. Está nos materiais de construção, nos carros e no vestuário.
A co-autora do estudo, Jenna Jambeck, da Universidade da Geórgia, disse que o mundo primeiro precisa de saber quanto lixo de plástico existe, antes de poder resolver o problema.
No estudo estimou-se que existam 9,1 mil milhões de toneladas de plástico, das quais sete mil milhões já não usadas. Apenas 9% foram reciclados e outros 12% foram incinerados, deixando 5,5 mil milhões de toneladas de lixo plástico em terra e na água.
Usando as próprias estatísticas da indústria, Geyer, Jambeck e Kara Lavender Law apuraram que a quantidade de plástico produzido e lançado fora está a acelerar. Em 2015, o mundo criou 448 milhões de toneladas de plástico, mais do dobro do que em 1998.
A China foi a maior produtora, seguida pela Europa e pela América do Norte.
"O crescimento é espantoso e não parece que vá abrandar em breve", acentuou Geyer.
Cerca de 35% do plástico produzido é para armazenagem e empacotamento
"O facto de (o plástico) se tornar lixo muito depressa e ser durável explica que se acumule no ambiente", afirmou Chelsea Rochman, professor de ecologia na Universidade de Toronto. Esta cientista não participou no estudo, mas, à semelhança de outras, elogiou-o pela sua profundidade e exactidão.
"Em algum momento, vamos ficar sem espaço para o colocar", respondeu, em mensagem enviada por correio electrónico, a perguntas da agência AP.
"Alguns podem considerar que já aí chegámos e agora está em todos os cantos e recantos dos nossos oceanos", acrescentou.
Os danos causados pelo lixo plástico na água já foram demonstrados em mais de 600 espécies de vida marinha, afirmou Nancy Wallace, directora do programa de detritos marinhos da agência dos EUA para os Oceanos e a Atmosfera (NOAA, na sigla em Inglês). Baleias, tartarugas, golfinhos, peixe e aves marinhas são prejudicados ou mortos, realçou.
"Trata-se de uma imensa quantidade de material sobre a qual não vamos fazer nada", lamentou Wallace, constatando: "Encontramos plástico em todo o lado".