Patriarca pede “todas as cautelas” no regresso das missas com povo
10-05-2020 - 12:55
 • Eunice Lourenço

Na missa deste domingo, D. Manuel Clemente salientou que é no serviço e na atenção aos outros que “a salvação acontece” e alertou para “congeminações” que não levam a lado nenhum.

D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portugal (CEP), pediu neste domingo “todas as cautelas” no regresso gradual das missas com presença de fiéis que está previsto para o último fim de semana de maio, quando a Igreja celebra a solenidade de Pentecostes.


“Esperemos que tudo corra bem para que, no Pentecostes, a pouco e pouco e com todas as cautelas, com aquelas orientações que a Conferência Episcopal publicou, possamos a pouco e pouco e com todas as medidas de higiene garantidas, abrir as celebrações comunitárias para quem poder estar, porque também os limites do espaço são muito grandes, segundo essas mesmas normas. Confiemos que tudo corra bem e no fim do mês tal possa acontecer. Vamos fazer por isso mantendo-nos muito cautelosos agora e também cautelosos depois”, disse D. Manuel Clemente no final da missa que celebrou neste domingo na Igreja da Portela, arredores de Lisboa, e que foi transmitida pela RTP.

O cardeal lembrou ainda que maio é o mês “muito especialmente cheio da presença da mãe de Jesus Cristo, que sempre o acompanhou” e que acompanha todos os fiéis. “É Fátima, mesmo que não possamos lá ir presencialmente, vamos com o coração porque é no coração de Jesus e de Maria que as coisas também se resolvem”, conclui D. Manuel Clemente que terminou a missa com a oração de consagração a Maria.

Salvação acontece no serviço aos outros

Antes, na homilia, D. Manuel Clemente salientou de forma veemente como é na atenção e no serviço aos outros que “a salvação acontece” e apelou aos católicos para que percebam como é na humanidade de Jesus Cristo e na sua relação filial com Deus que devem encontrar o modelo para a sua vida.

“Tem sido muito significativo verificar como tantas comunidades cristãs – as notícias são diárias, algumas aparecem nos media, outras sabe-as Deus, que é quem precisa mesmo de saber – encontram maneira de, apoiando-se naquilo que é o bem comum ou o serviço público, mas também pelos seus próprios recursos, encontram como corresponder às necessidades alimentares e outras de tanta gente. E isso é uma marca absolutamente cristã”, afirmou D. Manuel Clemente.

Jesus, na sua humanidade ena sua relação filial com Deus, “mostra no mundo como vivermos como filhos de Deus”, prosseguiu o cardeal Patriarca de Lisboa. “Não apenas como uma lembrança fugaz, não apenas quando nos podemos reunir para celebrar os sacramentos da fé, não apenas nalguns acontecimentos marcantes, como peregrinações e procissões que tantas vezes se fazem quando se podem fazer. Sempre. Filial é viver constantemente a partir de Deus Pai como Jesus nos ensina a viver. E, por isso, em Deus ele tinha a sua força e também é na vida de jesus que Deus mostra como atua no mundo, como é que a sua paternidade se realiza”, afirmou D. Manuel, dando assim resposta e conselho a muitos católicos que se queixam de estar limitados nas formas a que estão habituados a viver a sua fé.

O presidente da CEP apelou a todos os católicos para que continuem a viver a sua relação com Deus no serviço aos outros, mesmo em confinamento.

“É possível aí mesmo onde estais, nas vossas casas, nos vossos lares, nos vossos serviços, onde for, aí está Jesus Cristo como possibilidade de vida inteira de Deus e a partir de Deus. Na atenção aos outros, no serviço prestado, a salvação acontece”, disse o cardeal Patriarca de Lisboa, que terminou a homilia com o que pode ser entendido como resposta a algumas polémicas surgidas entre católicos nestes tempos de suspensão das missas presenciais.

“Demos graças a Deus por isto tudo ser tão simples quando é visto com os olhos de Jesus Cristo e não com as nossas congeminações que não nos levam a lado nenhum a não ser aquele onde já estamos e que não chega. Mas com Jesus chegamos ao Pai e com o Pai chegamos a todos”, concluiu D. Manuel Clemente.