AstraZeneca só para maiores de 60 anos em Portugal
08-04-2021 - 19:00
 • Renascença

A vacina da farmacêutica sueca e da Universidade de Oxford é suspeita de gerar efeitos secundários que poderão ter resultado em algumas dezenas de mortes. Em Portugal, houve um só caso reportado com a toma da AstraZeneca e outro relacionado com a toma de outra vacina.

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As autoridades de saúde de Portugal anunciaram esta quinta-feira que a vacina da AstraZeneca passará a ser usada apenas com pessoas acima dos 60 anos.

Em conferência de imprensa, esta tarde, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse que "o objetivo da campanha de vacinação é salvar vidas e prevenir a doença grave. Este objetivo é alcançado com qualquer uma das vacinas aprovadas e ultimadas em Portugal."

"Até estar disponível mais informação, a administração da AstraZeneca será limitada a pessoas com mais de 60 anos", acrescentou.

Neste sentido, "o plano da vacinação é ajustado para garantir que todos serão vacinados com a vacina que protege e é segura, de acordo com os grupos prioritários, minimizando potenciais efeitos secundários", concluiu.

Esse ajuste implica ainda o adiamento da vacinação de pessoal docente e não docente das escolas por uma semana, ou seja, do próximo fim-de-semana para o de 17 e 18 de abril, mas não haverá mais efeitos para o plano de vacinação, disse o vice-almirante Gouveia e Melo. O militar espera que no final de maio a maior parte da população com mais de 60 anos já esteja vacinada com pelo menos uma dose.

No que diz respeito a pessoas que já levaram a primeira dose desta vacina, as autoridades aconselham calma, sublinhando que os efeitos secundários são extremamente raros, mas que os vacinados devem estar atentos a possíveis dores de cabeça persistentes nos sete a 14 dias depois da toma. "Entre a primeira e a segunda dose decorrem cerca de três meses. E nestes três meses vamos ter informação adicional quer da firma produtora quer da EMA e agiremos em conformidade", disse ainda a diretora-geral da Saúde, respondendo a uma pergunta sobre a toma da segunda dose, ou não.

Questionada sobre as pessoas que possam escolher não tomar a segunda dose, Graça Freitas preferiu não responder diretamente, dizendo que é melhor esperar para poder tomar decisões com o melhor conhecimento científico, nomeadamente a informação prestada pelo produtor e pela Agência Europeia do Medicamento.

Contudo, a diretora-geral disse que "quem não tomar a segunda será uma opção pessoal, e fica com menor proteção", acrescentando todavia que "certamente que encontraremos uma solução para que estas pessoas fiquem imunizadas".

Nesta linha o vice-almirante sublinhou que os cidadãos não podem escolher as vacinas que vão receber. "Ninguém pode escolher as vacinas. As vacinas são seguras e eficazes, porque isso seria não só muito complexo e poderia ser injusto e perturbar totalmente o plano", disse.

Graça Freitas confirmou ainda que já houve casos de efeitos secundários reportados em Portugal, mas nenhum resultou em mortes. Rui Santos Ivo confirmou, dizendo que houve precisamente duas situações que, não sendo exatamente iguais aos reportados internacionalmente, são parecidos. Desses, apenas um tinha tomado a vacina da AstraZeneca.

Até agora esta tem sido a principal vacina utilizada na União Europeia, mas uma sucessão de casos de coágulos sanguíneos, que nalgumas dezenas de casos conduziram à morte das vítimas, tem gerado suspeitas sobre o medicamento.

Países divididos na reação

Vários países já limitaram a toma da vacina da AstraZeneca a certos grupos etários e ainda na quarta-feira o Reino Unido anunciou que ela apenas será administrada a pessoas acima dos 30 anos, sempre que houver uma alternativa.

A vacina foi produzida em conjunto pela AstraZeneca, uma gigante farmacêutica com sede na Suécia, e pela Universidade de Oxford e foi das primeiras a estar concluídas.

Dentro da União Europeia há, até ao momento, seis países que optaram por limitar as inoculações, mas os limites variam de país para país.

Na Alemanha, Países Baixos, Espanha e Itália a vacina da AstraZeneca não é oferecida a menores de 60 anos e em França e na Bélgica a fasquia baixa para os 55.

As decisões têm sido tomadas, nalguns casos, já depois da Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla inglesa) ter reconhecido uma ligação entra a administração da vacina e a ocorrência de tromboses. No entanto, a agência garante que os benefícios da vacina são maiores do que os riscos.

Fora da União Europeia, o Reino Unido também restringiu a administração desta vacina a menores de 30 anos.

Além do continente europeu, também a Austrália limitou o uso desta vacina a menores de 50 anos e nas Filipinas a menores de 60 anos.

[Notícia atualizada às 19h26]