Portugal registou em 2021 o número mais baixo de abortos desde que a interrupção voluntária da gravidez (IVG) foi legalizada, em 2007.
Segundo dados provisórios da Direção-Geral da Saúde (DGS), foram realizados 11.640 abortos no ano passado, uma média de 32 por dia.
Os números agora divulgados representam uma descida de 15,5% em relação ao ano anterior.
O relatório de Análise Preliminar dos Registos das Interrupções da Gravidez revela uma tendência decrescente do número de interrupções da gravidez até às 10 semanas desde 2011, quando foram registados quase 20 mil abortos.
No período entre 2018 a 2021, em nenhum ano foram registadas mais de 15 mil intervenções.
Os abortos representaram 95,7% das interrupções de gravidez no ano passado. O segundo motivo mais representado para a uma interrupção de gravidez entre 2018 e 2021 foram doenças graves ou malformações congénitas do nascituro, que motivaram 3,7% das intervenções no ano passado.
De acordo com a DGS, em 2020 realizaram-se menos 6,3% (13.777) abortos do que em 2019 (14.696), ano em que se deu uma pequena subida de 2,5 pontos percentuais face aos números já consolidados de 2018 (14.336).
Os números colocam Portugal abaixo da média europeia, que em 2019 se situava nas 210,84 interrupções de gravidez por 1.000 nados-vivos - Portugal registou 177,34 por 1.000 nados vivos.
A região de Lisboa e Vale do Tejo continua a registar a maior percentagem de interrupções, que têm sido realizadas dentro dos tempos previstos na legislação.
O tempo médio de espera para realizar uma interrupção da gravidez (IG) por opção da mulher ronda os 6,4 dias (com uma mediana de 5 dias) e a idade gestacional mediana manteve-se nas sete semanas.
O procedimento mais utilizado de IG por opção da mulher continuou a ser o medicamentoso e, nas unidades de saúde privadas, o método cirúrgico.
O grupo etário que realizou maior número absoluto de interrupções de gravidez e onde se registou também maior incidência continua a ser o dos 20-24 anos de idade, logo seguido dos 25-29 anos, mantendo-se a tendência decrescente no número de interrupções de gravidez realizadas por adolescentes, indica o relatório da DGS. A idade mediana da mulher mantém-se assim nos 28 anos.
A DGS revela ainda que, após o aborto, se verifica um “aumento de recurso a métodos contracetivos mais eficazes e efetivos” e uma “ tendência de redução na percentagem de utilizadoras de métodos de contraceção hormonal oral”.