Com os preços do gás a subir em Portugal, são cada vez mais os portugueses residentes junto à fronteira com Espanha a deslocar-se ao país vizinho para adquirir o produto.
Com uma garrafa de gás butano de 13 quilogramas a custar, em média, 29 euros em Portugal, a Renascença esteve em Espanha e constatou que o mesmo produto pode ser adquirido por 21 euros em Feces de Abaixo, junto à fronteira de Vila Verde da Raia, em Chaves.
Eduardo Martinho, 77 anos, residente em Chaves, chega ao posto de combustível, dirige-se ao funcionário e faz o pedido: “duas botijas de gás e o depósito cheio de gasóleo, por favor”.
“Em Portugal o que se passa é uma vergonha. O gás custa 30 euros, aqui 21 euros. O gasóleo aqui está quase ao mesmo preço, mas como tem um desconto de 20 cêntimos por litro compensa e bem vir aqui”, diz.
No gás que vai levar diz que vai poupar “18 euros e no combustível mais ou menos 10 euros porque o depósito está quase a meio”.
Já Odete Rodrigues, 51 anos, conta que vem de 15 em 15 dias abastecer a viatura e comprar gás.
“Num depósito de gasolina poupo 10 euros e na botija de gás são menos oito euros. Em três garrafas uma é de graça”, diz à Renascença.
Também Rui Jorge, 51 anos, natural de Chaves, vem ao gás e abastecer o automóvel.
“Vou poupar no gás 20 euros porque trago duas botijas. É muito dinheiro. No gasóleo ainda não fiz as contas, mas também vou poupar. Não se percebe esta diferença até porque a marca é a mesma”, lamenta.
José Carlos, de 59 anos, veio de Boticas e aguarda na fila no posto de combustível para ser atendido.
“Vou levar duas botijas de gás que é bem mais barato aqui e também vou atestar. Uma pessoa tem de ir onde é mais barato porque a vida não está para brincadeiras”, diz.
“Onde for mais barato é onde a gente tem que ir, não é?”, diz por sua vez Maria Clara, 30 anos, que entra na conversa queixando-se dos preços praticados em Portugal.
“Não dá para entender como aqui ganham bem mais do que nós e têm os combustíveis e o gás muito mais barato. O nosso Governo tem muito que aprender com o espanhol”, atira.
Celso Malta fez 30 quilómetros, desde Carrazedo de Montenegro, para encher o depósito. Apesar da distância percorrida assegura que compensa.
“Atestei até não levar mais. Com o desconto, o litro do gasóleo fica à volta de 1, 60 euros”, realçando que recorre a Espanha “todo o ano” e que “em Portugal só mesmo para desenrascar, 10 euros e nada mais”.
Albino Pereira, outro dos portugueses que a Renascença encontrou a abastecer nas bombas de Feces de Abaixo, diz que tem “três carros que não conhecem combustível português. Com o circuito que fazemos representa uma poupança de 200 euros por mês, é uma poupança muito grande”.
A romaria de portugueses ao gás e ao combustível é uma contante confirma Juan Feijoó, gerente do posto de combustível.
“A verdade é que nós vivemos dos portugueses que veem em cada vez maior número. Abastecem e levam gás. Poupam nas duas coisas, é uma dupla poupança”, conta à Renascença.
“O gasóleo por exemplo está a 189,9 por litro, mas com o subsídio de vinte cêntimos que dá o Governo fica a 169,9 euros. Já no gás poupam no mínimo oito euros por botija”, acrescenta.
Não é de estranhar, por isso, as filas de espera para abastecer e comprar gás no posto de combustível, onde “os funcionários são na maioria portugueses”.