O Papa reafirmou hoje que pensou na “pequena comunidade católica”, para ir à Mongólia, país que pode ser uma plataforma de diálogo entre a Europa e a Ásia, assinalou que as relações da Santa Sé com a China “são muito respeitosas”.
“A ideia de visitar a Mongólia veio-me à mente pensando na pequena comunidade católica. Faço essas viagens para visitar as comunidades católicas e também para entrar em diálogo com a história e a cultura dos povos, com aquilo que é a mística de um povo”, disse Francisco, assinalando que é importante que a evangelização “não seja concebida como proselitismo”.
Em declarações aos jornalistas no voo de regresso a Itália, o Papa acrescentou que há uma evangelização da cultura e também uma inculturação do Evangelho, porque “os cristãos também expressam seus valores cristãos com a cultura do seu próprio povo”, que é o oposto do que seria “uma colonização religiosa”.
A comunidade católica da Mongólia é apresentada pela Santa Sé como a “mais jovem” do mundo e conta com cerca de 1500 membros, representando 0,04% da população mongol.
“Para mim, a viagem era conhecer esse povo, entrar em diálogo com esse povo, receber a cultura e acompanhar a Igreja no seu caminho com muito respeito pela cultura. E estou satisfeito com o resultado”, acrescentou.
O Papa iniciou na tarde de quinta-feira, dia 31 de agosto, em Roma, uma visita inédita à Mongólia, a 43ª viagem apostólica internacional do pontificado, com o lema “Esperar juntos”, que terminou esta segunda-feira, 4 de setembro, com o regresso ao Vaticano.
Este domingo, Francisco enviou, desde a capital da Mongólia, uma saudação ao “nobre povo da China”, no final da Missa a que presidiu, em Ulan Bator.
Aos jornalistas, no voo de regresso, disse que as relações da Santa Sé com a China “são muito respeitosas, muito respeitosas”, e que tem uma “grande admiração” pessoal pelo povo chinês, acrescentando que os canais entre os dois Estados “são muito abertos”.
“Para a nomeação dos bispos há uma comissão que trabalha há algum tempo com o Governo chinês e com o Vaticano, e depois há alguns padres católicos, ou intelectuais católicos, que são frequentemente convidados a dar cursos em universidades chinesas. Acredito que devemos avançar no aspeto religioso para nos entendermos melhor e para que os cidadãos chineses não pensem que a Igreja não aceita sua cultura e os seus valores e que a Igreja dependa de uma outra potência estrangeira”, desenvolveu, salientando que a comissão presidida pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, “está fazendo isso de forma amigável”.
A Mongólia faz fronteira com a China e com a Rússia e, para Francisco, pode oferecer-se como plataforma para um diálogo internacional entre a Europa e a Ásia, indicando que o país tem “uma coisa muito interessante, que também favorece esse diálogo”, que é a ‘mística do terceiro vizinho’.
“A sua mística é tentar dialogar também com os seus ‘terceiros vizinhos’. Não por desprezo por esses dois, porque têm boas relações com ambos, mas por um anseio de universalidade, para mostrar seus valores ao mundo inteiro e também para receber dos outros os valores deles para que possam dialogar”, acrescentou.
O Papa respondeu também a uma pergunta sobre a visita de D. Matteo Zuppi a Pequim, cardeal italiano que já esteve em Kiev, Moscovo e Washington no âmbito da “ofensiva de paz” pela Ucrânia.
“A missão do cardeal Zuppi é uma missão de paz que eu designei; é um homem de grande diálogo e visão universal, ele tem na sua história a experiência do trabalho feito em Moçambique na busca pela paz, por isso o enviei”, acrescentou.
As relações entre a Santa Sé e o governo do Vietname, e a possibilidade de visitar também este país, Francisco afirmou que “é uma das experiências de diálogo muito bonitas que a Igreja teve nos últimos tempos”, “é como uma simpatia no diálogo”, e os dois lados tiveram a “boa vontade de se entender e de procurar caminhos para avançar”.
“Houve problemas, mas no Vietname acredito que, mais cedo ou mais tarde, os problemas serão superados; Estou muito otimista sobre as relações com o Vietnam, há anos que se faz um bom trabalho. Lembro-me que, há quatro anos, um grupo de parlamentares veio visitar-nos, tivemos um bom diálogo com eles, muito respeitosos”, acrescentou, lembrando também que há tempos conversaram “livremente com o presidente” desse país.
Segundo o Papa, o diálogo com o Vietname “é aberto, com seus prós e contras”, e avançam “lentamente”, sobre uma viagem se não for Francisco, “certamente irá João XXIV”.
Sobre outras viagens, lembrou que vai a Marselha, adiantou que há um “pequeno país da Europa” que estão a ver se consegue “fazê-la, mas, agora, uma viagem não é tão fácil como no início, há limitações para caminhar”, divulgou o portal ‘Vatican News’.
Durante o voo de regresso a Roma – mais de 11 horas e 8.230 quilómetros -, o Papa enviou telegramas aos 12 países sobrevoados, o primeiro ao presidente da Mongólia, destino da 43ª viagem apostólica, depois, China, Cazaquistão, Azerbaijão, Geórgia, Turquia, Bulgária, Sérvia, Montenegro, Bósnia-Herzegovina, Croácia, e a Itália; Francisco já foi também à Basílica de Santa Maria Maior, para agradecer em oração a Nossa Senhora Salus Populi Romani.