Quase uma hora depois do início do debate desta quarta-feira, marcado pelo PSD para apresentar medidas para a educação, meia dúzia de pessoas vestidas de preto levantaram-se nas galerias da Assembleia da República e interromperam a deputada do PS, Eunice Pratas, que respondia às intervenções dos partidos da oposição.
"Tenham vergonha! Justiça!", gritaram durante alguns segundos enquanto a parlamentar socialista falava. A intervenção foi interrompida pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, que pediu aos agentes da PSP para retirarem os manifestantes das galerias do Parlamento.
"Senhores agentes da PSP, façam favor de retirar as pessoas que se estão a manifestar nas galerias", ordenou Santos Silva. Sem oferecer resistência, os manifestantes- que nas camisolas negras tinham a palavra "Justiça" inscrita- na sua maioria mulheres, saíram do plenário, acompanhados pela polícia.
O debate prosseguiu normalmente e Eunice Pratas continuou nas respostas à oposição. Antes do momento, o PSD acusou o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro da Educação, João Costa, pelo estado "quase caótico" em que a escola pública se encontra mergulhada nos últimos meses.
"O Governo tem horror às reformas e guia-se pela cultura do deixa andar", atirou o deputado António Cunha, que apontou diretamente àqueles que considera os culpados: "Por incompetência das políticas e falta de visão estratégia, António Costa e João Costa são os grandes responsáveis pelo período crítico, quase caótico, que atinge a escola pública".
No debate desta quarta-feira, o PSD apresentou várias propostas para resolver a convulsão social dos professores, entre as quais uma solução negociada entre Governo e docentes para a recuperação do tempo de serviço.
Nos pedidos de esclarecimento, a deputada do BE Joana Mortágua acusou o PSD de, com este debate”, tentar “correr atrás do prejuízo”, dizendo que, no passado, os sociais-democratas se terem juntado ao PS para impedirem a recuperação integral do tempo de serviços dos professores.
“De Rui Rio a Nuno Crato não houve um dirigente no PSD que não dissesse que havia professores a mais em Portugal”, criticou.
A deputada bloquista lamentou ainda que o único projeto-lei do PSD neste debate (os restantes diplomas são recomendações ao Governo) seja relativo ao regresso das provas de aferição no quarto e no sexto anos.