“O senhor sabe quando é que chega o autocarro?”. Irritada, Helena devolve a pergunta feita pela Renascença.
Irritada, não com o repórter, mas com o atraso do veículo “que já devia ter chegado há muito tempo” à paragem da rotunda de Santo Ovídio, em Vila Nova de Gaia.
Eram 08h30 desta segunda-feira, primeiro dia útil e primeira grande prova da Unir, a nova rede de transporte público rodoviário de passageiros, que, desde a passada sexta-feira, substitui 30 operadores privados.
“Hoje já deu para perceber que não vou chegar a tempo”, queixa-se a utente que, até há poucos dias, utilizava os autocarros da União de Transportes dos Carvalhos, “que também funcionavam muito mal, às vezes com atrasos de 20 minutos e meia hora”.
“Hoje, já fiquei numa primeira paragem, depois tive de vir de boleia até aqui e estou à espera para ir trabalhar”, acrescenta Helena que, por outro lado, lamenta a falta de informação sobre horários e rotas do novo serviço.
“Procurei, procurei informação para saber se o horário era para se manter, mas, na realidade, não se manteve. E está muito atrasado”, desabafa a utente que esta manhã tentava sair a tempo e horas do centro de Gaia para ir trabalhar para Espinho.
Menos crítico, Ailton espera para ver “como é que vai ser neste primeiro dia” em que utiliza a Unir, desde a entrada em operação: “algo que pode ajudar muito é a aplicação com a tabela de horários. Facilita muito”.
No entanto, este imigrante brasileiro admite que nem tudo está a correr como esperava, embora reconheça que o serviço anterior à Unir “também tinha muitas falhas, podia até ser do trânsito, mas havia muitos atrasos. Mas vou testar agora, acredito que será melhor”, declara, otimista, minutos antes da hora prevista para chegada do autocarro que vai levá-lo de Santo Ovídio até ao Monte da Virgem.
Contudo, o facto de a informação estar mais à mão na aplicação da Unir ou na internet, “pode ser um fator de discriminação para os utentes mais idosos”, admite Joana.
Esta utilizadora, também em modo de estreia no novo serviço de autocarros do Grande Porto, espera chegar a tempo ao trabalho.
“Mas as notícias de outros colegas meus com quem falei esta manhã não são lá muito boas”, admite. “Resta esperar para ver se corre bem”.
No primeiro dia de operação da Unir, o presidente da Área Metropolitana do Porto, e autarca de Vila Nova de Gaia, admitiu falhas e equívocos na comunicação com os utentes, garantindo, contudo, que nenhuma linha seria suprimida.
A Unir conta com mais de 650 autocarros e, desde 1 de dezembro, serve 17 municípios da região, da Póvoa de Varzim até Arouca.