A Direção-Geral da Saúde (DGS) irá “divulgar uma nota técnica, que resume o parecer da Comissão Técnica de Vacinação para a Covid-19”, que levou à recomendação de vacinar as crianças entre os 5 e os 11 anos contra a doença causada pelo novo coronavírus.
Os documentos originais não serão, contudo, publicados – ao contrário do que pediram vários partidos – ainda que não sejam secretos, diz a diretora-geral.
“Não creio que não haja transparência. Esses pareceres são vertidos para comunicados que fazemos, de forma resumida, e depois para normas”, respondeu Graça Freitas aos jornalistas, nesta quinta-feira, numa escola no Montijo.
“São documentos internos e que ajudam à tomada de decisão”, disse ainda, garantindo que “não são secretos, são documentos internos, preparatórios do processo de decisão”, que “não é habitual serem divulgados”.
Estes pareceres são baseados em “estudos que foram consultados e qualquer pessoa pode consultar” e são depois “entregues à diretora-geral da Saúde, que os faz chegar à tutela”, afirmou, mais do que uma vez.
Segundo Graça Freitas, a nota técnica sobre a recomendação de vacinar as crianças dos 5 aos 11 anos será mais extensa do que o habitual, “a explicar todos os procedimentos que estiveram na base da decisão”.
Nestas declarações aos jornalistas, à margem do lançamento da iniciativa “e-Bug PT” (que pretende aumentar a literacia em saúde das crianças e jovens dos 5 aos 18 anos), a diretora-geral da Saúde explica ainda que os dados analisados para os pareceres incluem os detidos pela DGS e pelo Hospital D. Estefânia, mas também relativos aos Estados Unidos.
E os dados dizem que, “apesar de as crianças terem doença ligeira, não quer dizer que não tenham internamentos ou cuidados intensivos”, acrescentando que, ao contrário do que já foi veiculado, estiveram internadas “mais do que quatro” crianças com Covid-19 desde o início da pandemia, “infelizmente”.
Graça Freitas considerou ainda que todos os pediatras e especialistas em saúde infantil têm tido oportunidade de veicular as suas opiniões através da comunicação social.
Sobre o calendário de vacinação para a faixa etária entre os 5 os 11 anos, nada está ainda definido. A comissão técnica de vacinação está reunida nesta quinta-feira para tomar essa decisão, a ser anunciada na sexta-feira, em conferência de imprensa.
Certo é que o programa será, à semelhança do que tem acontecido nas outras faixas etárias, faseado. Até porque não há vacinas suficientes ainda para vacinar as mais de 600 mil crianças elegíveis.
“A primeira tranche chega agora, a 13 de dezembro. Não temos agora vacinas suficientes para vacinar todas as crianças entre os 5 e os 11 anos. Em dezembro, chegam 300 mil vacinas e depois vamos receber mais em janeiro. Por isso, vamos fazer uma vacinação planeada e faseada”, afirmou.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro tinha admitido que as primeiras crianças a ser vacinadas seriam as de 11 anos. E, na recomendação da DGS conhecida na terça-feira, era dada prioridade aos menores com doenças que pudessem tornar-se perigosas em caso de infeção com Covid-19.
Além disso, há que ter em consideração que algumas crianças já terão tido a doença, pelo que terão de aguardar algum tempo até receberem esta vacina – quanto tempo, ainda será determinado pela comissão técnica, na reunião de hoje.
Efeitos do Natal dependerão do que for feito para contrariar o vírus
A DGS prevê um aumento de casos por altura do Natal, mas considera que os números irão depender das medidas farmacológicas e dos comportamentos adotados para contrariar a evolução normal do vírus.
“Quando temos estas projeções, temos de pensar nas medidas que estamos a tomar e a vacinação contraria um pouco essa transmissão, bem como o nosso comportamento”, afirmou a diretora-geral da Saúde.
Por isso, “vamos ver o equilíbrio o vírus progredir, como é função dele, e as estratégias para o contrariar”.
Portugal é um dos países com pessoas infetadas com a nova variante da Covid-19. Ma, para já, há pouca informação sobre esta Ómicron, pelo que a DGS decidiu emitir uma orientação de caráter preventivo aos agentes de saúde: “sempre que estiverem perante uma suspeita da nova variante, façam um rastreio de contactos mais alargado e aumentem o período de isolamento para 14 dias”.
Neste momento, o país encontra-se entre o segundo e o terceiro patamar de combate à pandemia, diz ainda Graça Freitas.
“Há uma nova variante em circulação, mas não mostrou um potencial de ser mais grave do que as outras. Até à data. Tem-se disseminado, mas não tem estado associada a maior gravidade” e é por isso que “estamos entre os níveis 2 e 3, a averiguar ainda como é o comportamento” da Ómicron.
“Só os cientistas é que nos poderão dizer as características desta variante e há cientistas em todo o mundo a estudá-la. Vamos esperar pela ciência, não podemos tomar decisões antecipadas”, concluiu.