A audição de João Rendeiro, que estava marcada para esta terça-feira de manhã, voltou a ser adiada.
Segundo a advogada June Marks, que representa o ex-banqueiro na África do Sul, Rendeiro pode só ser ouvido esta tarde ou mesmo na quarta-feira.
“Não estará presente no tribunal esta manhã, a questão foi adiada. Houve desenvolvimentos e estamos a lidar com eles”, disse à Renascença.
Mais novidades só esta tarde ou na quarta-feira, diz June Marks, que quando falou com a Renascença ainda não tinha estado com o seu constituinte. "A sessão desta manhã foi adiada, poderemos ser ouvidos esta tarde. Mas nem sabemos se seremos ouvidos hoje, não sabemos se o nosso pedido será atendido hoje, poderá ser só amanhã. Ainda não falei com ele hoje, estou à espera de falar com ele agora."
Rendeiro foi apresentado em tribunal na manhã de segunda-feira, cumprindo assim a lei, que obriga a uma audição nas 48 horas seguintes à detenção. Contudo, toda a parte processual foi adiada, pelo que a própria detenção do ex-banqueiro não foi avaliada pelo juiz, que também não teve oportunidade de se pronunciar sobre o pedido de libertação sob fiança que a defesa disse que ia fazer, nem sobre a prisão preventiva pedida pelo Ministério Público.
Só depois de todos estes trâmites é que poderá ser avaliado um pedido de extradição feito por Portugal e o processo pode durar várias semanas.
Contudo, caso o ex-banqueiro venha para Portugal, é para entrar diretamente na cadeia, porque já se tornou definitiva uma das três penas de prisão a que foi condenado. Neste caso, uma pena de cinco anos e oito meses por crimes de falsidade informática e falsificação de documentos, relacionados com adulteração da contabilidade do BPP em mais de 30 milhões de euros e ocultação ao Banco de Portugal.
Há depois outras duas condenações a que já foi sujeito, uma de três anos e seis meses de prisão por crimes de burla qualificada e outra de 10 anos por fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais, mas estes dois últimos processos ainda estão em recurso.
O ex-presidente do extinto Banco Privado Português foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do banco, tendo o tribunal dado como provado que João Rendeiro retirou do banco 13,61 milhões de euros.
O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.