O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, defendeu esta sexta-feira que os portugueses devem preparar-se para o prolongamento da guerra na Ucrânia até pelo menos 2024, apesar do avanço da contraofensiva contra a invasão da Rússia.
O chefe da diplomacia portuguesa revelou estar a acompanhar diariamente os desenvolvimentos da contraofensiva das tropas ucranianas, mas declarou-se consciente de que esta levará vários meses.
"Eu penso que, infelizmente, temos de nos ir habituando à possibilidade de termos um conflito que entra em 2024 e que ainda esteja connosco durante alguns meses", afirmou aos jornalistas durante uma visita em Reino Unido, onde hoje vai encontrar-se com o homólogo britânico, James Cleverly, em Londres.
Cravinho reiterou que é fundamental continuar a apoiar a Ucrânia.
"Há uma grande unanimidade e vontade de assegurar que, no final, a Rússia tenha uma derrota estratégica. Tudo o que não seja uma derrota estratégica para a Rússia será, infelizmente, uma derrota estratégica para nós e isso não podemos aceitar", vincou.
Cravinho argumentou ainda ser "muito razoável a Rússia aceitar um prolongamento que não seja apenas por dois meses, como tem sido o caso ultimamente" do acordo sobre exportação de cereais.
"A Rússia tem algumas exigências a esse respeito. O atual acordo dos cereais vai até julho, meados de julho, e neste processo estamos a trabalhar com o Secretário-Geral das Nações Unidas e outras instâncias das Nações Unidas e com a Turquia também para criar condições para um prolongamento que seja por um período muito mais alargado", explicou.
O Governo português considera um acordo "fundamental para evitar problemas de segurança alimentar em outras partes do mundo, nomeadamente em África".