O cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, considera que Angola tem hoje "uma igreja adulta e responsável", capaz de "animar a todos".
Em declarações à Renascença a partir de Luanda, depois de ter participado, no Huambo, como enviado do Papa Francisco, no primeiro Congresso Eucarístico daquele país africano, D. Manuel Clemente destaca a vivacidade e juventude da Igreja local
“Encontrei representação expressiva das dezanove dioceses angolanas. Entre as notas que destaco, aponto, em primeiro lugar, a vivacidade. Como nós sabemos, em África, em geral, e, muito particularmente, em Angola, envangelizações com legados cristãos vivem muito com o contributo - com certeza do clero, das religiosas e dos religiosos - dos catequistas. Muitas vezes são a base, organização e o ânimo de muitas e muitos comunidades locais. Estamos em presença de uma igreja adulta e responsável, que nos anima a todos, até pela juventude dos seus membros."
D. Manuel Clemente sublinha que "impressiona a quem vem da Europa, concretamente de Portugal, onde temos hoje uma população sénior muito forte", a presença de "uma sociedade muito jovem", com "crianças, adolescentes, jovens, padres e religiosas abaixo dos 40 anos, em geral".
“Reconheceram-No no partir do pão” foi o tema deste encontro e o enviado de Francisco destaca o facto de as intervenções traduzirem o pensamento do Papa plasmado nas exortações apostólicas e encíclicas onde a temática da Eucaristia predomina.
“Como enviado do Papa Francisco, a intervenção foi sobretudo para relembrar alguns dos pronunciamentos do Papa, concretamente, os seus documentos principais: as exortações apostólicas e encíclicas sobre a temática eucarística na relação com a envangelização, com a criação e com a família. O Papa é muito claro nesta mesma relação, porque, no que diz respeito à envangelização, é que anunciar o Evangelho é próprio de quem é tocado por esse Evangelho. Esse evangelho é, antes de mais, uma pessoa, que é a pessoa de Jesus Cristo, e o Papa também relembra que na eucaristia, como nós acreditamos no Sacramento, é o próprio Deus que em Jesus Cristo assume a criação inteira e que aí leva ao mais alto grau. Aquela que pode ser levada a Ação de Graças."
Nestas declarações à Renascença, o Patriarca de Lisboa diz ter ficado com boas sensações sobre o momento vivido pelos portugueses em Angola. “A única experiência que eu tive com portugueses residentes em Angola foi positiva. [Estive] numa grande cooperativa agropecuária para produção de leite e também me dizem que há outras iniciativas congéneres de portugueses em Angola. E um ou outro português que fui encontrando pareceram-me entusiasmados", conta.
"Obviamente, não é numa semana que nós temos uma lição de vida na sociedade angolana. Verifiquei isso com aquela que contactei e com os testemunhos que eu ouvi. Mais do que isso não poderei dizer.”
Nos planos económico e social de Angola, D. Manuel traz ainda a sensação de que "esta é uma altura de diversificação dos instrumentos e de novas tentativas económicas, muito para além do quase monopólio ligado ao petróleo que foi [o registo] anterior. Agora, olha-se para a agricultura, olha-se para uma exploração positiva das riquezas naturais, que são tantas neste país".