Esta é a história de uma cassete gravada por John Lennon antes de ser assassinado e que a viúva, Yoko Ono, tinha guardada. “Now And Then”, a nova música dos The Beatles que tem lançamento mundial esta quinta-feira, às 14h00 (hora de Lisboa), nasceu a partir dessa maquete que Lennon deixou.
A gravação data dos finais dos anos 1970, quando John Lennon gravou voz e piano na sua casa no Dakota Building, em Nova Iorque. Segundo a editora Universal, em 1984, Yoko Ono deu a gravação aos restantes membros da banda.
Além desta música, junto iam também maquetes que o artista fez de “Free as A Bird” e “Real Love”, que já antes tinham sido lançadas, em singles, em 1995 e 1996, no âmbito da edição do projeto “The Beatles Anthology”.
“Paul, George e Ringo também gravaram novas partes e completaram uma primeira mistura de “Now And Then” com o produtor Jeff Lynne. Nessa altura, as limitações tecnológicas impediram que a voz e o piano de John fossem separados para alcançar a mistura limpa necessária para finalizar a canção”, diz a editora, que conclui que, então, “Now And Then” foi arquivada, “com a esperança de que um dia fosse revisitada”.
Agora, 40 anos depois da morte de Lennon a música ganha nova vida. “‘Now And Then’ será lançada mundialmente às 14h00 (horário de Portugal Continental) do dia 2 de novembro pela Apple Corps Ltd./Capitol/Ume”.
Como foi possível gravar sem Lennon?
“Peter Jackson e a sua equipa de som, liderada por Emile de la Rey”, recorreram à tecnologia de áudio MAL da WingNut Films, conseguindo isolar instrumento e voz da gravação caseira original de John Lennon de “Now And Then”, “preservando a clareza e integridade da sua performance vocal original, separando-a do piano”, explica a editora.
Pegando neste material, no ano passado, “Paul e Ringo começaram a concluir a canção”. Além da voz de Lennon, incluíram a guitarra elétrica e acústica gravada em 1995 por George Harrison e a bateria de Ringo Starr e o baixo, guitarra e piano de Paul McCartney.
“Em Los Angeles, Paul supervisionou uma sessão de gravação nos Capitol Studios para o melancólico arranjo de cordas da canção, escrito por Giles Martin, Paul e Ben Foster. Paul e Giles também acrescentaram um último toque maravilhosamente subtil: coros das gravações originais de “Here, There And Everywhere”, “Eleanor Rigby” e “Because”, entrelaçados na nova canção recorrendo às técnicas aperfeiçoadas durante a produção do álbum e do espetáculo “LOVE””, explica a Universal sobre esta aventura musical.
Sobre “Now And Then”, produzida por Paul McCartney e Giles Martin e misturada por Spike Stent, Ringo Starr diz que “foi o mais perto que chegámos” de ter Lennon “de volta na sala”. Ele que fala na emoção é sublinhado por Paul McCartney que além de considerar que foi “bastante emocionante”, refere que esta é “uma gravação genuína dos The Beatles”.
Já Sean Ono Lennon, filho de Jonh Lennon, fala numa “máquina do tempo”. “Foi incrivelmente comovente ouvi-los a trabalhar juntos depois de tantos anos de ausência do meu pai. É a última canção que o meu pai, o Paul, o George e o Ringo fizeram juntos”, referiu.
O documentário sobre os bastidores da gravação
Um dia antes do lançamento mundial, a 1 de novembro, sai um documentário de 12 minutos, “Now And Then - The Last Beatles Song”, realizado por Oliver Murray que será divulgado no canal dos The Beatles no YouTube, pelas 19h30 (hora portuguesa). Este documentário de que já foi revelado o trailer conta a história por detrás daquela que é a última canção da banda britânica.
O documentário conta com “filmagens e comentários exclusivos de Paul, Ringo, George, Sean Ono Lennon e Peter Jackson”. Ao mesmo tempo, a nova canção dos Beatles sai em single duplo que junta, segundo a Universal, “a última canção dos The Beatles com a primeira”, ou seja, o single de estreia da banda no Reino Unido em 1962, “Love Me Do”, e o fecho do círculo com “Now And Then”.
“Ambas as canções foram misturas em stereo e Dolby Atmos, e o lançamento inclui a capa original do célebre artista Ed Ruscha. O novo vídeo oficial de “Now And Then” será lançado na sexta-feira, 3 de novembro”, indica a editora discográfica que revela que “em breve serão anunciados mais detalhes, incluindo planos de estreia global”.
Programada para 10 de novembro está o lançamento de novas versões alargadas e misturadas pela Apple Corps Ltd./Capitol/Ume, das coletâneas “1962-1966 (The Red Album)” e “1967-1970 (The Blue Album)”.
Lançadas há 50 anos, estas coletâneas têm agora novos alinhamentos, com todas as canções misturadas em stereo e Dolby Atmos. “A versão britânica do single “Love Me Do” é agora o tema de abertura de “1962-1966” (edição de 2023), e “Now And Then” surge na coletânea “1967-1970” (edição de 2023) para completar as coletâneas que abrangem a carreira do grupo”, indica a Universal.
[notícia atualizada - com o vídeo do mini-documentário “Now And Then - The Last Beatles Song”]