Os responsáveis de quatro organizações europeias, que representam diversas Igrejas e entidades cristãs, emitiram uma declaração conjunta, tendo como pano de fundo as eleições europeias de 2024, afirmando o seu compromisso de trabalhar em conjunto com as instituições europeias, os candidatos a eurodeputados e os partidos políticos para promover uma agenda europeia positiva que se inspire nos valores cristãos.
A declaração conjunta é assinada pelos chefes da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (Comece), da Conferência das Igrejas Europeias (CEC), da Assembleia Interparlamentar sobre Ortodoxia (IAO) e do movimento ecuménico “Juntos pela Europa”.
“Apelamos aos grupos políticos das instituições europeias, aos partidos políticos e aos candidatos a deputados ao Parlamento Europeu a reconhecer os valores cristãos como um dos principais alicerces do projeto europeu, aplicando mais amplamente o artigo 17.º, n.º 3, do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, relativo a um diálogo aberto, transparente e regular com as igrejas e associações religiosas”, lê-se na declaração.
Os subscritores da declaração apelam também à luta “contra a instrumentalização dos valores cristãos para interesses políticos e na perspetiva das narrativas étnico-raciais” e à promoção dos “valores cristãos nos programas políticos e nas campanhas pré-eleitorais”.
A declaração manifesta preocupação com as repercussões das sucessivas crises económicas, de imigração, sanitárias e energéticas que afetam a Europa e o mundo, a par dos conflitos em curso na Ucrânia e na Terra Santa.
“Estes desafios são acompanhados por uma crise de valores mais vasta no espaço europeu, que põe em causa os princípios democráticos e as instituições. Os cidadãos europeus também se tornaram mais conscientes da dificuldade dentro dos centros de decisão europeus para responder eficazmente a estas realidades”, lê-se no documento.
As Igrejas sinalizam a “exclusão de qualquer referência apropriada aos valores cristãos nos textos relevantes da EU” e assinalam a deceção de “uma grande parte dos cidadãos, que olham com confiança para o futuro europeu pelo prisma dos valores cristãos, e agora se sentem marginalizados, pois não têm a oportunidade de expressar suas posições e opiniões de forma autónoma e distinta”.
A declaração sublinha igualmente que, quando os valores da paz estão em risco, a insegurança e o medo dominam uma grande parte das opiniões dos cidadãos sobre o futuro da Europa e do mundo.
Na visão dos responsáveis das quatro organizações representativas de Igrejas na Europa, os valores cristãos, abraçados por um grande segmento de cidadãos europeus, oferecem um quadro fiável para enfrentar as mudanças e os desafios de hoje, considerando que “isto é particularmente relevante no contexto das próximas eleições europeias, um momento crítico para as nossas democracias”.
“É útil – se não mesmo essencial – que as fações europeias tenham em conta os valores cristãos na política europeia, especialmente em questões críticas e num cenário político labiríntico em que os cidadãos estão particularmente preocupados com quaisquer normas instáveis e mutáveis”, completam.