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A Direção-Geral da Saúde (DGS) desconhece qualquer estudo que aponte para um aumento do número de mortes não relacionadas com a Covid-19.
Notícias citando um estudo publicado na revista "Acta Medica", da Ordem dos Médicos, revelam um número de mortes por outras patologias quatro ou cinco vezes superior ao numero de mortes atribuídas à Covid-19, aparentemente devido à redução drástica de consultas, tratamentos, exames, e outros serviços médicos.
Questionado esta terça-feira sobre estes dados, o subdiretor-geral da Saúde, Diogo Cruz, diz que não conhece o artigo nem a metodologia utilizada, e contrapõe com os números oficiais.
“Tentei, mas não encontrei esse artigo publicado ainda na ‘Acta Médica’ – pelo menos ontem à noite ainda não estava -, portanto, não me posso pronunciar sobre a metodologia usada, porque não sei”, afirma Diogo Cruz.
“Aquilo que tenho a dizer sobre os óbitos é que o óbito é um evento único, não há possibilidade de duplicações. A 25 de abril de 2020, comparando 2020 com o quinquénio anterior, 1 de janeiro a 25 de abril, temos um incremento de 307 óbitos, comparado com os últimos cinco anos. Estes dados estão no site da DGS”, sublinha o sudiretor-geral da Saúde.
O excesso de mortalidade em Portugal desde o início da pandemia de Covid-19 pode chegar aos 4.000 óbitos, segundo um estudo publicado na revista científica da Ordem dos Médicos.
De acordo com o estudo, que analisou o período entre os dias 1 de março e 22 de abril, o número de mortes registado em Portugal pode chegar a um valor que representa quase cinco vezes mais do que os atribuídos à Covid-19, que esta segunda-feira se fixavam em 928, segundo os dados oficiais.
O medo de ir ao hospital está a provocar um aumento da mortalidade entre doentes crónicos, justifica o coordenador António Vaz Carneiro. “Há pessoas a morrer sem tratamento.”
Segundo o coordenador do estudo, este número excessivo de mortes pode ter como eventual causa, a redução da procura de cuidados de saúde em contexto de pandemia. “Há cerca de 30 a 40% dos doentes que deveriam ir à urgência, fazer biópsias, endoscopias, ser internados, deveriam ser operados e ir a consultas e estão a morrer sem tratamento.”
“A nossa explicação é que as pessoas estão aterrorizadas em casa, com medo de morrer com o vírus, e pura e simplesmente recusam tratamento”, esclarece à Renascença António Vaz Carneiro, lembrando que os hospitais estão vazios e as consultas estão fechadas.