Fernando Medina entende o apelo de um bloco central no imediato, contudo, alerta que seria uma solução mais perigosa no longo prazo, por considerar que seria "porta aberta" a maior crescimento do Chega.
Em declarações aos jornalistas, esta segunda-feira, à chegada para a reunião do Eurogrupo, o ainda ministro das Finanças sublinha que "a solução de um bloco central não é a desejável".
"Com um bloco central de natureza formal ou até informal, ficaria só um partido de grande dimensão a fazer oposição, que era o Chega. Era dar o monopólio de toda a oposição a um partido com as características do Chega. Isso seria a porta aberta a que, numa próxima eleição, esse partido subisse de votação. Seria um risco maior para o nosso sistema democrático se isso acontecesse. Pode parecer uma boa solução no curto prazo, mas, estruturalmente, para o nosso sistema, creio que não", adverte.
Medina ressalva que "isso não quer dizer, obviamente, que os partidos não conversem, não discutem, não procurem convergência em múltiplos assuntos e áreas de interesse".
"Isso não se pode confundir com acordos de governabilidade que seriam mais um fator de perturbação e instabilidade do que de solução", acrescenta.
Medina espera que AD mantenha estabilidade
Com a cortina prestes a fechar-se sobre o atual governo, Fernando Medina considera que "há um reconhecimento grande por parte do país relativamente a este esforço feito pelos portugueses".
"Um esforço que foi feito com ponderação. Não foi feito com radicalismo, com desequilíbrio, com cortes de nada. Foi feito com aumento de pensões, de prestações, de salários. Foi feito ponderando as necessidades e tendo um dos maiores pacotes de apoio da União Europeia às famílias e às empresas durante o período da pandemia, um dos maiores pacotes de apoio durante o período da inflação. Estivemos lá quando era preciso", conclui.
Assim, o ainda ministro das Finanças considera que, depois do seu mandato, "o país está mais protegido, está mais seguro, está mais garantido". Dito isto, lança à AD o repto de manter a estabilidade:
"É fundamental assegurar uma continuidade nas políticas de estabilidade ao nível das finanças públicas, na continuidade da redução da dívida pública e o compromisso político da reafirmação desse compromisso com a consolidação das políticas públicas. Tenho confiança que não se desviarão desse compromisso. Não vejo razão para preocupação."