Uma portaria publicada esta segunda-feira em Diário da República permite que o aeroporto de Lisboa possa esticar a sua operação noturna por mais três horas. A alteração é excecional e temporária e entra em vigor já a partir da próxima madrugada.
De acordo com o diploma, a “operação de aeronaves no Aeroporto Humberto Delgado é permitida entre as 0h00 e as 2h00 e entre as 5h00 e as 6h00, em derrogação do disposto no n.º 1 do artigo 2.º da referida portaria”, ou seja, apenas entre as 2 e as 5 horas da madrugada não haverá aviões a sobrevoar Lisboa.
A portaria, assinada pelo secretário de Estado do Ambiente e da Energia, João Galamba, e pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, salienta que este prolongamento de voos noturnos é “excecional” e “aplica -se durante o período temporal estritamente necessário para assegurar o processo de mudança de sistema de gestão de tráfego aéreo, tendo início no dia 18 de outubro e não se prolongando para além do dia 28 de novembro de 2022”.
Tendo em conta que esta alteração leva “a um aumento da exposição de ruído das populações dos concelhos de Lisboa e Loures”, durante o período noturno, o governo defende que sejam adotadas “as medidas de mitigação exequíveis para o período, visando contribuir para a redução e controlo da exposição das populações às emissões sonoras”.
Associação ambientalista Zero lamenta prolongamento de voos noturnos
A Zero diz que é lamentável que o Governo tenha aumentado os voos noturnos no aeroporto de lisboa. A Associação ambientalista já tinha dado parecer negativo por causa dos impactos sócio-ambientais. À Renascença, Acácio Pires diz que acha “absolutamente lamentável que numa situação já de si grave, com os voos noturnos em Lisboa, se decida sobre qualquer pretexto, mesmo que seja por um mês e meio, agravar a situação”.
Este responsável não tem dúvidas em afirmar que “haverá um agravamento dos níveis de ruído a que as pessoas estarão sujeitas” e defende que “é preciso medidas que possam minimizar o problema”.
De resto, esta manhã a Zero é recebida pelo secretário de Estado das Infraestruturas, a quem vai pedir medidas imediatas para minimizar o efeito dos voos na cidade de Lisboa. Refere Acácio Pires que vai propor “um conjunto de medidas que possam minimizar a situação, nomeadamente pôr em prática o plano de ação que está em vigor e não está a ser cumprido e que prevê o isolamento de edifícios sensíveis, nas zonas mais afetadas”.
Este responsável da Zero, lembra que “o aeroporto já deveria estar fechado desde 2015, como se previa na última avaliação de impacto ambiental feita à expansão a Portela”. Acácio Pires diz esperar “que agora seja tomada essa decisão de encerramento do aeroporto da Portela e a sua transferência para um local mais adequado”.