Numa celebração reduzida em número de fiéis devido à pandemia, o Papa Francisco deixou um conselho aos treze novos cardeais.
“Queridos irmãos, todos nós amamos Jesus, todos queremos segui-Lo, mas devemos estar sempre vigilantes para permanecer no seu caminho. Pois com os pés, com o corpo, podemos estar com Ele, mas o nosso coração pode estar longe e levar-nos para fora do caminho. E pensemos em tantas formas de corrupção na vida sacerdotal”, disse na homilia. “Assim, por exemplo, o vermelho purpúreo das vestes cardinalícias, que é a cor do sangue, pode tornar-se, para o espírito mundano, a cor duma distinção eminente… E assim deixarás de ser o pastor, para passares a ser apenas “eminência”. E quando pensasses assim, estás fora do caminho”.
A partir do Evangelho, Francisco sublinhou a actualidade do “contraste nítido entre Jesus e os discípulos”, ou seja: "Ele, no caminho; os discípulos, fora do caminho. Dois percursos inconciliáveis. Na realidade, só o Senhor pode salvar os seus amigos desvairados, em risco de se perderem. Só a sua Cruz e a sua Ressurreição.“
Perante os treze novos purpurados, Francisco reconheceu que “também nós, Papa e Cardeais, devemos espelhar-nos sempre nesta Palavra de verdade. É uma espada afiada: corta, é dolorosa, mas ao mesmo tempo cura-nos, liberta-nos, converte-nos”. E concluiu: “A conversão é precisamente isto: sair de fora do caminho, ir para o caminho de Deus.“
Na saudação inicial em nome dos novos purpurados, o Cardeal maltês Mario Grech, secretário do Sínodo dos Bispos, assinalou que, “em tempos tão graves para a humanidade inteira devido à pandemia, queremos dirigir o nosso pensamento a todos os irmãos que estão em provação”. E reconheceu que “as dramáticas circunstâncias que a Igreja e o mundo atravessam, desafiam-nos a oferecer uma leitura da pandemia que ajude todos e cada um a captar nesta tragédia também a oportunidade de repensar o nosso estilo de vida, as nossas relações, a organização das nossas sociedades e, sobretudo, o sentido da nossa existência.”
A partir de agora, a Igreja católica passa a ter um total de 229 cardeais, dos quais 128 são eleitores (têm menos de 80 anos): 16 criados por João Paulo II, 39 por Bento XVI e 73 pelo Papa Francisco (três deles portugueses).