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Em cerca de duas horas com os deputados do PS, Mário Centeno explicou as linhas gerais do Orçamento do Estado (OE) e deu a tática para à bancada responder ao PSD de Rui Rio e como conduzir o debate parlamentar daqui para a frente.
Segundo relatos feitos à Renascença, a intervenção do ministro das Finanças, na reunião à porta fechada com os deputados socialistas, serviu para explicar como "lançar vários desafios ao PSD e a Rui Rio". E as explicações incidiram, sobretudo, na questão fiscal.
A atenção dada por Centeno ao PSD foi interpretada como uma resposta às críticas feitas por aquele partido, nomeadamente a intervenção de Rui Rio no jantar de Natal da bancada social democrata, onde o líder do PS acusou o Governo de “fraude democrática” no Orçamento. Também o deputado Álvaro Almeida, em entrevista à Renascença e ao "Público", aponta disparidades nas contas e alerta para cativações.
Álvaro Almeida foi, com Joaquim Miranda Sarmento, responsável pelo programa económico do PSD, que previa alivio fiscal e aumento do investimento.
Para Centeno, é preciso que os deputados do PS desafiem o PSD a explicar "como é que Rui Rio, sem aumentar impostos, vai responder às reivindicações das forças de segurança, saúde e aos professores", ou seja, que o líder do PSD responda "como é que, sem aumento de receita, quer aumentar a despesa e o investimento".
Depois de apresentar o OE aos deputados, esta foi "a tática" apresentada por Mário Centeno para o debate que aí vem, "o contra-ataque" ao que vem dizendo o líder do PSD.
Por outro lado, segundo disse fonte parlamentar à Renascença, o ministro das Finanças "admitiu que há alguma margem no Orçamento do Estado para negociações e alterações", reforçando mesmo perante a bancada parlamentar que o documento "não está absolutamente fechado", são admitidas "melhorias" e que "está aberto à negociação" com as restantes bancadas, "não especificando quais".
Na mesma reunião desta quinta-feira, a líder parlamentar socialista, Ana Catarina Mendes, fez questão de dizer, na presença do ministro das Finanças, que está disponível para "melhorar" o texto do Governo e que a bancada irá apresentar propostas de alteração ao Orçamento do Estado.
A mesma fonte garante à Renascença que o ministro evitou falar em específico de outras bancadas parlamentares e que o "único partido de que falou foi do PSD e de Rui Rio", precisamente para que se ponha em andamento uma estratégia de desafiar os social-democratas a explicar a "questão fiscal".
Uma estratégia que foi de imediato colocada em prática pelo vice-presidente da bancada do PS, João Paulo Correia, que à saída da reunião com o ministro das finanças acusou o PSD de "sabotagem" do Orçamento do Estado, fazendo mesmo apelo aos social-democratas para que não apresentem propostas que alterem fundamentalmente o documento apresentado pelo Governo.