O representante diplomático da Palestina em Lisboa, Nabil Abuznaid, condena o comportamento do presidente norte-americano que trata a questão de Jerusalém Oriental "como se fosse algo que se compra ou vende nos Estados Unidos, como se de uma Trump Tower se tratasse".
Em entrevista à Renascença, o diplomata sublinha que o reconhecimento de Jerusalém como capital israelita por parte dos Estados Unidos "constitui a legalização de uma ocupação internacional, na concessão de algo que não lhes pertence, que eles não controlam nem têm o direito de transacionar".
Abuznaid atribui, por isso, a Trump toda a responsabilidade pelo insucesso da paz no Médio Oriente. "Ele destruiu todas as pontes e toda a esperança na paz", ao permitir "a continuação do banho de sangue".
Até ao início da tarde, pelo menos 37 palestinianos já tinham morrido em confrontos com o exército israelita ao longo da fronteira com Gaza. "A nossa mensagem para a comunidade internacional é esta: por favor não apoiem a ocupação. Apoiem a paz e a justiça que dê liberdade às nossas crianças, que devolva a dignidade ao nosso povo para viver livremente na Palestina que é o seu país por direito."
Questionado sobre a reação violenta por parte do exército de Israel contra os palestinianos, Nabil Abuznaid diz que "o povo nada teme", porque sente que já não tem nada a perder. Ainda assim, os palestinianos continuam empenhados em ser ouvidos pela comunidade internacional, porque "aos oprimidos não resta outra alternativa que não seja o diálogo com aqueles que acreditam na justiça".
86 convidados, 40 ausentes. Portugal incluído
A polémica transferência da embaixada norte-americana para Jerusalém fica também marcada por muitas cadeiras vazias. Dos 86 diplomatas convidados, mais de metade declinou estar presente. Entre os ausentes, está o embaixador português em Telavive.
Na perspetiva de Nabil Abuznaid, este gesto não se resume a uma simples cadeira vazia: "Agradecemos a todos os países, e também aos portugueses, a opção de se manterem ao lado da justiça e da paz. Porque ficar ao lado da ocupação é contrário à paz. Por isso, para mim, estas cadeiras vazias não estão propriamente vazias. Estão cheias de princípios. São nações que dizem: não nos sentaremos nesta cadeira contra a nossa crença na paz e na justiça. São cadeiras vazias, mas carregadas de simbolismo e de princípios de nações que acreditam nos seus valores."