Depois de Costa ter segurado João Galamba enquanto ministro das Infraestruturas, os partidos prontamente reagiram, aos jornalistas.
À Esquerda, lamenta-se que a mais recente polémica no Governo não tenha resultado numa remodelação mais alargada e que não se foque nos problemas mais importantes do país,
Já os partidos à Direita do PSD criticam a atitude de Costa e dizem que é hora de Marcelo Rebelo de Sousa dissolver a Assembleia da República,
A coordenadora do BE acusou o primeiro-ministro de estar a "perder tempo" que o "país não tem" em vez de fazer uma reorganização do Governo, criticando "a absoluta degradação" e o silêncio sobre "os problemas políticos" do executivo.
"Julgo que foi uma surpresa para todo o país ouvir hoje o primeiro-ministro de Portugal a fazer uma declaração solene sobre uma coboiada do Ministério das Finanças e não dizer uma palavra sobre os problemas políticos do Governo. É sinal de uma absoluta degradação ou se quiserem é a maioria absoluta como ela própria", disse Catarina Martins aos jornalistas em reação à decisão anunciada por António Costa de não aceitar o pedido de demissão de João Galamba do cargo de ministro das Infraestruturas.
Para Catarina Martins, o primeiro-ministro "decidiu perder tempo" que "o país não tem ", considerando que "o que era preciso era uma reorganização do Governo", não apenas dos "ministros descredibilizados", mas da própria política do executivo.
A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, defendeu que o essencial "não é a entrada ou a saída de ministros", mas "a resposta aos problemas dos portugueses", sem responder se defende eleições antecipadas.
"Como o PCP tem vindo a dizer, a questão essencial não é a entrada ou saída de ministros ou de secretários de Estado, é a resposta aos problemas dos portugueses: aumentar salários e pensões, garantir o direito à habitação ou a prestação de cuidados de saúde", afirmou Paula Santos.
O deputado único do Livre, Rui Tavares, considerou que a dissolução do parlamento "não seria bom para o país", embora esteja convicto de que, com novas eleições, o partido ganharia um grupo parlamentar, apontando que o seu interesse imediato "está certamente em último lugar na lista de prioridades".
Quanto à discórdia entre o primeiro-ministro e o Presidente da República, Rui Tavares admitiu pensar que não é bom para o país. "Penso que o país devia ter um ponto de viragem para um tipo de governação mais aberta" e "transparente", com mais participação na Assembleia da República.
"Todos nós fomos apanhados de surpresa relativamente à não aceitação do pedido de demissão e vemos, com alguma preocupação, o impacto que possa ter na credibilidade das instituições e do poder político", defendeu a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real.
A líder do PAN considerou que o país não pode continuar "refém deste braço de ferro que se veio a colocar em cima da mesa entre primeiro-ministro e Presidente da República".
No entanto, questionada se a melhor solução seria Marcelo Rebelo de Sousa dissolver o parlamento ou demitir o Governo, Sousa Real disse querer aguardar por uma reação mais profunda do chefe de Estado, além do comunicado já emitido.
O presidente da IL acusou o primeiro-ministro de ter aberto "um conflito institucional gravíssimo" com o objetivo de "humilhar publicamente" o Presidente da República, considerando que "a única maneira de repor a normalidade" é dissolvendo o parlamento.
Rui Rocha classificou este episódio como "uma enorme encenação" do chefe do executivo e um "incidente gravíssimo".
"Perante uma tentativa publica de humilhação ao senhor Presidente da República, a palavra devolve-se ao senhor Presidente da República", defendeu o líder liberal, considerando que "a única maneira de repor a normalidade democrática é que haja uma dissolução do parlamento e que os portugueses sejam chamados a pronunciar-se".
O presidente do Chega apontou "desequilíbrio emocional" e "precipitação política" ao primeiro-ministro, António Costa, e considerou que o "ambiente de confronto" com o Presidente da República deixa o Governo sem condições para continuar em funções.
"O que vimos hoje foi um certo desequilíbrio emocional, precipitação política e uma vontade de confronto que me leva a perguntar novamente se está bem", afirmou o líder do Chega.