Segundo uma estimativa rápida do INE (Instituto Nacional de Estatística) em fevereiro deste ano a inflação no nosso país terá ficado em 2,1%, um pouco abaixo do número de janeiro. Recorde-se que a inflação em Portugal foi de 7,8% em 2022 e de 4,3% em 2023. Noutros países europeus, como Espanha, França e Alemanha, a tendência para a alta de preços abrandar também se faz sentir.
A taxa de inflação harmonizada no conjunto dos 20 países da moeda única foi de 2,6% em fevereiro, contra 2,8% em janeiro. A meta do Banco Central Europeu (BCE) é chegar a 2% - não parece estar longe. Mas ainda existem alguns obstáculos até se poder cantar vitória no combate à inflação. Por exemplo, a alta dos preços nos serviços ainda anda pelos 3,9% na zona euro. Por isso não é provável que na reunião do BCE da próxima quinta-feira seja decidida uma descida de juros.
Quando, em julho de 2022, começaram a subir os juros, Christine Lagarde, a presidente do BCE, foi muito criticada. Dizia-se, até, que esta alta de preços não era consequência de um excesso da procura sobre a oferta, pelo que subir juros não seria eficaz para travar a inflação.
Como sempre, os críticos do BCE não apresentaram qualquer proposta de política económica alternativa para combater a alta de preços. Talvez por causa de uma certa insensibilidade social quanto aos efeitos da inflação, que prejudica sobretudo as pessoas com mais baixos rendimentos.
Agora Christine Lagarde volta a ter razão ao recusar deitar para o lixo o esforço dos europeus, que suportaram os custos da subida dos juros do BCE. Trata-se de gerir expectativas; se a firmeza do BCE tivesse sido derrotada pelos que clamavam contra a subida dos juros certamente teríamos entre nós inflação alta durante longos anos. As expectativas dos agentes económicos, de consumidores a investidores, levariam a uma descrença generalizada na capacidade do BCE para travar a alta de preços. Felizmente que assim não aconteceu.