Desde o início do ano, o número de pessoas em situação de sem abrigo, na cidade de Lisboa, passou de 317, em janeiro, para 394, em outubro. Um aumento de quase 25% que se tem verificado, sobretudo, a partir de agosto, adianta a Comunidade Vida e Paz.
“Se esta tendência se mantiver, acreditamos que o grande impacto vai ser no próximo ano e isso é preocupante”, afirma à Renascença a diretora da instituição, Renata Alves.
“Nos últimos meses, o contexto socioeconómico, sobretudo por causa da guerra, tem contribuído para que algumas pessoas fiquem desempregadas e não tenham condições financeiras para suportar rendas”, alerta a responsável.
A par da crise, têm também chegado a Portugal, nos últimos meses, centenas de timorenses – só no Verão aterraram em Lisboa cerca de três mil cidadãos deste país asiático. Muitos saíram de casa, acreditando em falsas promessas de emprego, e acabaram a viver nas ruas da baixa de Lisboa, sem comida e sem dinheiro.
“Damos-lhe o mesmo apoio que disponibilizamos a outros na mesma situação. Além da ceia, procuramos que se desloquem aos nossos serviços para os ajudar a encontrar soluções”, explica Renata Alves. “Os relatórios do último fim-de-semana mostram que de facto essas pessoas têm fome”, assegura.
Mais pedidos de ajuda de quem tem casa
Atualmente, a Comunidade Vida e Paz distribui 450 a 510 refeições por dia. Nem todas destinadas a pessoas sem casa.
“Para além do número de sem abrigo, também temos assistido a um aumento de pessoas em situação de vulnerabilidade”, adianta Renata Alves. “São pessoas que se dirigem às nossas viaturas e aos nossos voluntários e que acabam por pedir ajuda, porque tendo ainda uma habitação têm muito poucos recursos.”