Os cinco principais bancos que operam em Portugal aumentaram os seus lucros 58% no primeiro semestre deste ano, para quase 2000 milhões de euros até junho. Caixa Geral de Depósitos (do Estado) e quatro grandes bancos privados – Millennium BCP, Santander, Novo Banco e BPI – tiveram lucros excecionais, que resultaram sobretudo da subida dos juros do Banco Central Europeu (BCE).
Ao mesmo tempo, as prestações ligadas a empréstimos para compra de casa agravaram-se muito, por efeito da subida dos juros do BCE, o que colocou numerosas famílias em dificuldades. A maior parte desses empréstimos é indexada a taxa de juro variável, contribuindo para engordar os lucros bancários. Cerca de 75% de cada prestação vai para lucro do banco que concedeu o crédito à habitação.
Em 2022 a poupança das famílias acentuou a tendência para baixar, situando-se em 6% do rendimento familiar, contra quase 14% na média da zona euro. No ano corrente essa tendência prossegue.
Neste quadro, continua a suscitar perplexidade a relutância dos bancos quanto a subirem os juros que pagam aos depositantes a prazo. Em Portugal os bancos subiram ligeiramente esses juros, é verdade, mas eles continuam ainda muito abaixo daquilo que os bancos pagam na média da zona euro. Recorde-se que a banca em Portugal se mostra financeiramente sólida.
Tem-se invocado que os bancos esquecem que, quando entraram em dificuldades, foram apoiados por dinheiro dos contribuintes. Alastra, assim, um sentimento de indignação em relação aos gestores bancários, sem que, da parte destes, surja qualquer tentativa de justificação para as baixas remunerações dos seus depósitos a prazo. Não é uma situação saudável.