Cerca de dois mil refugiados e migrantes morreram no Mediterrâneo desde o início do ano, anunciou esta terça-feira a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), considerando que a situação se está a agravar.
Um total de 150 mil requerentes de asilo e migrantes conseguiram chegar à Europa desde o início do ano, o que indica que o nível atual é semelhante aos registados antes de 2014, quando começou a grande crise de refugiados na Europa, mas o número de mortes na travessia está a aumentar.
"Durante muitos anos, o Mediterrâneo tem sido a rota marítima com maior mortalidade para refugiados e migrantes no mundo e não podemos aceitar isso", disse o porta voz da ACNUR Charlie Yaxley, numa conferência de Imprensa, hoje, nas instalações da ONU.
A ACNUR considera que as duas mil mortes revelam que a taxa de mortalidade aumentou fortemente, particularmente no Mediterrâneo central (entre a costa do norte da África e a Itália), onde metade das mortes foram registadas.
"Em setembro, um em cada oito migrantes que cruzaram o Mediterrâneo morreu, em grande parte devido à redução nas operações de busca e salvamento", explicou Yaxley.
Algumas organizações não-governamentais (ONG) com fins humanitários tiveram de interromper essas operações devido a restrições logísticas e legais, razão pela qual as tarefas de busca e salvamento das vítimas de naufrágios diminuíram significativamente.
"Se as operações de resgate das ONGs cessarem completamente, corremos o risco de regressar à mesma situação perigosa que vimos na Itália depois de a operação naval Mare Nostrum terminar, em 2015, e centenas de pessoas terem morrido num único incidente perto da costa de Lampedusa", disse o porta-voz da ACNUR.
Ainda hoje, as autoridades espanholas revelaram a morte de 17 migrantes que na segunda-feira tentaram desembarcar nas costas do país a bordo de pequenas embarcações, havendo ainda cerca de vinte desaparecidos.
Segundo a Guarda Civil espanhola (equivalente à GNR em Portugal), uma centena de outros migrantes foram salvos a tentarem chegar a Espanha.
Treze pessoas morreram perto de Melila, um enclave espanhol no norte de África, e quatro outros corpos foram encontrados na zona de Cádis, no sudoeste da Espanha, enquanto equipas de salvamento marítimo ainda estão à procura de cerca de duas dezenas de pessoas.