A mesa do congresso do PS vai atribuir aos delegados socialistas que se inscrevam para falar um talão com o número da respectiva ordem de intervenção para acabar com suspeitas de manipulação da lista de espera.
A introdução desta prática foi transmitida à agência Lusa por Francisco César, presidente da Comissão Organizadora do Congresso (COC) do PS, que se realiza entre sexta-feira e domingo na Feira Industrial de Lisboa (FIL).
No último congresso, em Novembro de 2014, também na FIL, causou polémica o facto de o eurodeputado socialista Francisco Assis ter acusado a mesa do congresso de ter sistematicamente adiado o momento da sua subida à tribuna de oradores para discursar, procurando com essa estratégia, segundo ele, remeter a sua intervenção para horas tardias da noite de debate.
Francisco Assis, que acabou por abandonar o congresso em sinal de protesto, já avisou em entrevista ao semanário "Expresso" que espera agora ter um espaço de intervenção semelhante àquele que foi atribuído ao social-democrata Pacheco Pereira.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da COC do PS referiu que as inscrições para quem quiser falar no congresso abrem às 16h00 de sexta-feira e terminam às 11h00 de sábado.
Com o acto de inscrição, a mesa do congresso entrega logo ao delegado um talão com o número referente ao seu posicionamento na lista de oradores.
"Vamos acabar com suspeitas sobre alterações à ordem das inscrições. O novo sistema será fidedigno e transparente", sustentou Francisco César.
Porém, fora desta ordem de inscrições estará o secretário-geral do PS, António Costa, que, pelos regulamentos, pode falar a qualquer momento do congresso, assim como os oradores que o líder convide para discursar.
Estão neste caso figuras como o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, o "histórico" dirigente socialista Manuel Alegre, ou o líder do Partido Socialista Europeu, Sergei Stanishev.
Em relação às moções sectoriais, algumas delas contendo temas fracturantes, como a questão da eutanásia, fonte da direcção do PS disse que serão apenas apresentadas perante o congresso e não votadas logo ali.
"O debate sobre o tema dessas moções tem de ser ainda aprofundado e, por isso, é natural que as votações apenas ocorram numa das próximas reuniões da Comissão Nacional do PS", justificou o mesmo membro da direcção dos socialistas.
Tal como as moções sectoriais, também só será apresentada - e não votada imediatamente - a proposta de alteração dos estatutos do PS da autoria de Daniel Adrião, que também leva ao congresso uma moção de orientação global alternativa à de António Costa.