Portugal é um país com grandes potencialidades para apostar o turismo médico, defendeu, este domingo, Fernando Arrobas, do Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, nos trabalhos do XV Congresso da Associação de Diretores de Hotéis de Portugal, que decorreu em Viseu.
Há cada vez mais pessoas a viajar para fazer cirurgias e tratamentos fora do seu país. Para quem as recebe é uma oportunidade de negócio e fomento de um nicho de mercado - o turismo médico - e, muito especialmente, o dentário.
“O segmento do turismo médico e dentário é muito interessante, é uma indústria multimilionária que já está em desenvolvimento a nível mundial. E Portugal não pode ficar para trás”, afirmou Fernando Arrobas em entrevista à Renascença.
"Há cada vez mais pessoas que viajam para fazer cirurgias, tratamentos dentários, de fisioterapia ou outros, e que não querem ficar fechadas no hospital em fase de recuperação, preferindo aproveitar para conhecer o meio onde estão, a sua cultura e potencialidades turísticas. No entanto, precisam de estadia em hotel assim como os seus acompanhantes porque “raramente viajam sozinhos, já que estão numa situação de alguma fragilidade", aponta o investigador, que prepara uma tese de doutoramento sobre as motivações para a escolha de um destino médico.
Para Fernando Arrobas, é preciso definir uma estratégia que passa necessariamente por parcerias entre as clínicas e os hotéis. “Alguns grandes grupos de saúde até estão a avançar mais depressa que a hotelaria, estão a 'hotelizar-se', mas, em diversos países, na sua promoção, há hotéis que fazem questão de referir os centros médicos que têm perto”, diz o especialista.
Turismo dentário é mercado potencial para Portugal
O especialista sublinha a necessidade de avaliar quais os mercados que interessa segmentar e em que Portugal pode ter uma oferta qualificada, apontando, especificamente, o turismo: “É um dos tem sido apontado com maior valor a nível mundial e, em Portugal, o número de dentistas cresceu significativamente. Neste momento, há cerca de 5.500 clínicas dentárias."
“Outras hipóteses são a fisioterapia, as cirurgias plástica e oftalmológica ou de fertilidade”, acrescenta Fernando Arrobas.
Tão importante como a oferta é a procura. Neste momento, há seguradoras que enviam os seus clientes para outros países para fazer tratamentos ou cirurgias porque lhes fica mais barato. “É o caso do Canadá e Estados Unidos. Brasil, China, África, Europa Central e Reino Unido são outros mercados de origem interessantes", exemplifica."
Preços mais baixos, qualidade, segurança, bom clima ou oferta hoteleira e turística diversificada são alguns pontos que jogam a favor de Portugal no momento em que as pessoas escolhem o seu destino médico.
Este tipo de turismo tem um forte impacto na economia nacional. E Fernando Arrobas dá como exemplo a Hungria, que apostou no segmento dentário: recebe anualmente "cerca de 70 mil doentes”, que lá passam 440 mil noites e geram mais de 250 milhões de euros em receita.