O sindicato de jogadores confirmou, à Renascença, a denuncia da presidente da Confederação de Ação sobre Trabalho Infantil, sobre jovens futebolistas deixados ao abandono.
Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato de Jogadores, sublinha que é ao nível de campeonatos distritais e de competições inferiores que há esses casos.
"O movimento associativo e os dirigentes de futebol deveriam ter uma responsabilidade acrescida", diz Joaquim, acrescentando que esses dirigentes desportivos geralmente "estão envolvidos" nas situações.
O presidente do sindicato acusa o "fenómeno desportivo" de fechar os olhos "aos direitos humanos" e adianta que as redes criminosas se aproveitam da situação.
Joaquim Evangelista diz que o Sindicato de Jogadores já ajudou dezenas destes jovens a regressar aos seus países de origens.
"Procuramos fazer com que os jogadores voltem ao seu país de forma segura, para isso pagamos estadia, alimentação e viagem de regresso", explica.
Joaquim diz que continuará a fazer "tudo o possível para ajudar os jogadores", mas os custos começam a ser demasiado pesados para o organismo.
"Tivemos necessidade de interpelar as autoridades", diz o sindicalista, justificando que este é um "problema do país".
Este comentário veio na sequência da entrevista da presidente da Confederação Nacional de Ação sobre o Trabalho Infantil (CNASTI) à Renascença e à Agência Ecclesia, em véspera do Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil. Fátima Pinto pede que se investigue este tipo de situações porque, "muitas vezes, vemos famílias que estão em situação ilegal" e que “estão relacionadas com o fenómeno de abandono desses jovens jogadores”.
Fátima Pinto denuncia a existência de situações de abandono por parte de "praticamente todos os principais clubes" portugueses de jovens futebolistas estrangeiros, sobretudo dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
A responsável refere, em tom crítico, que “há situações de trabalho infantil que as pessoas aceitam bem, nomeadamente o trabalho artístico, o trabalho infantil na moda, o trabalho infantil e a exploração no desporto”.