O Presidente do Brasil defendeu esta terça-feira, na Assembleia-Geral das Nações Unidas, que "é uma falácia dizer que a Amazónia é património da Humanidade" e acusou países de questionarem a soberania do Brasil.
"É uma falácia dizer que a Amazónia é património da Humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, afirmar que a nossa floresta é o pulmão do mundo", disse Jair Bolsonaro na abertura da 74.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, que arrancou hoje, em Nova Iorque, e irá decorrer até 30 de setembro com a presença de cerca de 150 chefes de Estado e de Governo, incluindo o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado brasileiro declarou que o seu executivo "tem um compromisso solene com a preservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável em benefício do Brasil e do mundo", acrescentando que o país é um dos "mais ricos em biodiversidade e riquezas minerais".
"A nossa Amazónia é maior que toda a Europa Ocidental e permanece praticamente intocada. Prova de que somos um dos países que mais protegem o meio ambiente", continuou.
Mas, explicou, nesta época do ano, o clima seco e os ventos favorecem queimadas "espontâneas e criminosas", sublinhando também que existem queimadas praticadas por índios e populações locais, como parte da sua cultura e forma de sobrevivência.
"Contudo, os ataques sensacionalistas que sofremos por grande parte da media internacional, devido aos focos de incêndio na Amazónia, despertaram o nosso sentimento patriótico", afirmou Bolsonaro.
Porque valendo-se da "falácia" de dizer que a "Amazónia é património da Humanidade" e do "equívoco" de que aquela floresta é o pulmão do mundo, "um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da media e portou-se de forma desrespeitosa, com espírito colonialista", acusou o Presidente brasileiro.
"Questionaram aquilo que nos é mais sagrado: a nossa soberania!", rematou.
Além disso, afirmou que a Amazónia "não está a ser devastada e nem consumida pelo fogo, como diz mentirosamente a media".
Numa referência indireta à França, Bolsonaro ainda acrescentou: "Um deles, por ocasião do encontro do G7, ousou sugerir aplicar sanções ao Brasil, sem sequer nos ouvir".
Agradecendo àqueles que não aceitaram levar por diante aquela que considerou ser uma "absurda proposta", fez ainda uma referência especial ao Presidente norte-americano, Donald Trump, que segundo Bolsonaro "bem sintetizou o espírito que deve reinar entre os países da ONU: respeito pela liberdade e soberania de cada um de nós".
Após as acusações e agradecimentos, fez questão de deixar claro que "o Brasil não vai aumentar para 20% a sua área já demarcada como terra indígena, como alguns chefes de Estados gostariam que acontecesse".
"A visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros. Muitas vezes alguns desses líderes, como o cacique Raoni, são usados como peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informativa para avançar os seus interesses na Amazónia", afirmou o chefe de Estado do Brasil.
E avançou: "Infelizmente, algumas pessoas, de dentro e de fora do Brasil, apoiadas em ONG [organizações não-governamentais], teimam em tratar e manter os nossos índios como verdadeiros homens das cavernas".
"O Brasil agora tem um Presidente que se preocupa com aqueles que lá estavam antes da chegada dos portugueses. O índio não quer ser latifundiário pobre em cima de terras ricas. Especialmente das terras mais ricas do mundo”, assegurou ainda.
Bolsonaro falou também de um Brasil que está a ser reconstruído a partir das ideias do povo.
"Apresento aos senhores um novo Brasil, que ressurge depois de estar à beira do socialismo. Um Brasil que está sendo reconstruído a partir dos anseios e dos ideais de seu povo", afirmou.
“Em busca de prosperidade, estamos adotando políticas que nos aproximem de países outros que se desenvolveram e consolidaram as suas democracias. Não pode haver liberdade política sem que haja também liberdade económica. E vice-versa. O livre mercado, as concessões e as privatizações já se fazem presentes hoje no Brasil", acrescentou.
Bolsonaro disse que a economia brasileira "está reagindo, ao romper dos vícios e amarras de quase duas décadas de irresponsabilidade fiscal, aparelhamento do Estado e corrupção generalizada”.
E assegurou que “a abertura, a gestão competente e os ganhos de produtividade são objetivos imediatos” do seu Governo.
Garantiu ainda que o Brasil "está pronto" para iniciar o processo de adesão à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
"Já estamos adiantados, adotando as práticas mundiais mais elevadas em todo os terrenos, desde a regulação financeira até a proteção ambiental", referiu.