O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, desmente que tenha contactado ou convidado o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, para substituir António Costa como primeiro-ministro.
Num nota publicada esta segunda-feira ao início da madrugada no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa desmente declarações do próprio Mário Centeno.
"O Presidente da República desmente que tenha convidado quem quer que seja, nomeadamente o Governador do Banco de Portugal, para chefiar o Governo, antes de ter ouvido os partidos políticos com representação parlamentar e o Conselho de Estado, e neste ter tomado a decisão de dissolução da Assembleia da República", esclarece o gabinete de Marcelo Rebelo de Sousa.
"Mais desmente que tenha autorizado quem quer que seja a contactar seja quem for para tal efeito, incluindo o Governador do Banco de Portugal", remata o comunicado da Presidência.
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse no domingo que foi convidado pelo Presidente da República e pelo primeiro-ministro para liderar o Governo, após a demissão de António Costa.
"Recebi um convite do Presidente e do primeiro-ministro para refletir e considerar a possibilidade de liderar o Governo", afirmou Centeno, à publicação norte-americana Financial Times, acrescentando que estava "muito longe de tomar uma decisão".
O primeiro-ministro, António Costa, apresentou a demissão a 7 de novembro, depois de saber que está a ser investigado pelo Supremo Tribunal na sequência da Operação Influencer.
Depois de ouvir os partidos e o Conselho de Estado, o Presidente da República anunciou a dissolução do Parlamento, depois da aprovação do Orçamento do Estado, e a convocação de eleições antecipadas para 10 de março de 2024.
Após o anúncio da decisão de Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro demissionário declarou que "o país não merecia ir a eleições" e revelou que tinha proposto o nome do governador e antigo ministro das Finanças, Mário Centeno, para o substituir no cargo de primeiro-ministro, mas o Presidente recusou essa possibilidade.
António Costa voltou ao tema no sábado, 11 de novembro, para dizer que "Centeno merece o respeito e admiração da generalidade dos portugueses". Depois explicou: “Centeno só daria resposta definitiva depois de falar com o Presidente da República, de conhecer as condições de governabilidade que tinha, se o PS aprovaria. Portanto, nunca houve uma resposta definitiva de Mário Centeno.”
Entretanto, a comissão de ética do Banco de Portugal deverá reunir na próxima segunda-feira para avaliar o comportamento do governador Mário Centeno, durante a crise política que levou à queda do Governo. A informação foi avançada este sábado pelo jornal digital ECO.
Em causa, está o convite feito pelo primeiro-ministro a Mário Centeno para o substituir no cargo de chefe do Executivo. Os membros da comissão liderada por Rui Vilar, antigo chairman da Caixa Geral de Depósitos, vão avaliar uma eventual quebra de independência do governador e possíveis incompatibilidades ou conflitos de interesses.