A cinco dias das eleições diretas no partido, Luís Montenegro discursa este domingo no encerramento da Universidade de Verão do PSD, mas o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) deve ser o prato forte da intervenção que fará aos alunos que estão, desde segunda-feira, em aulas em Castelo de Vide.
Depois do PS e do Chega terem colocado o tema na ordem do dia, o primeiro-ministro dizia, na quinta-feira, não perceber tanta agitação à volta do OE2025 e apelava à calma.
"Fico admirado de ver tanta agitação à volta dessa matéria. É preciso ter calma e cumprir o que está combinado”, disse Luís Montenegro, concluindo que os partidos voltam a reunir-se com o Governo em setembro, tal como ficou combinado antes das férias.
Na Universidade de Verão, que decorre desde segunda-feira, apenas o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, abordou o tema do Orçamento do Estado, ao contrário dos ministros da Juventude e dos Assuntos Parlamentares, Margarida Balseiro Lopes e Pedro Duarte.
Na terça-feira, Paulo Rangel aproveitou a ocasião para responder ao Chega, que fez depender o voto favorável de um referendo à imigração, usando a terminologia que o Governo definiu para a política migratória.
"É que nós definimos uma linha política clara para a imigração, não há portas escancaradas nem há portas fechadas, essa linha é a linha que temos também para o orçamento, não há portas fechadas, mas não há portas escancaradas, esta é a nossa doutrina", referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Desde essa declaração, o Chega fez saber que vai abandonar as negociações com o Governo e que, “muito provavelmente”, votará contra a proposta do Governo. Uma decisão “irrevogável”, garantiu André Ventura em conferência de imprensa.
Do lado do PS, o partido insiste que precisa de informação essencial para poder negociar o Orçamento do Estado para o próximo ano.
Em Tomar, Alexandra Leitão avisou que o PS não vai aprovar um Orçamento de direita e criticou a forma como o Governo dialoga com os partidos de oposição.
"O Governo finge que quer negociar, como fez quando marcou reuniões com os diferentes grupos parlamentares sobre habitação, imigração, justiça. Uma espécie de 'speed dating' para inglês ver. Isso não é diálogo, isso não é abertura, isso é enganar os portugueses", acusou a líder da bancada parlamentar.
"Queremos negociar, mas como partido responsável o PS não o pode fazer sem ter informação essencial para a tomada de decisões. Queremos negociar não por calculismo ou por temer eleições, mas para tentar melhorar o orçamento que é uma ferramenta essencial de política pública", disse Alexandra Leitão depois de ter sido divulgada uma carta que Pedro Nuno Santos enviou ao primeiro-ministro em julho.
Nessa carta, o líder do PS pede a Montenegro “informação transparente” e rigor para as negociações e "informação transparente sobre as perspetivas orçamentais" de 2024 e 2025, salientado que essa informação é condição essencial para as negociações sobre o Orçamento do Estado.
Um mês depois, o Partido Socialista diz que “a informação disponibilizada não responde à carta enviada pelo secretário-geral do Partido Socialista”, referiu aos jornalistas um dirigente socialista.
Pelo lado do Governo, a certeza de que vai convocar já no início do mês de setembro as reuniões com todos os partidos políticos com assento parlamentar. Ainda há uma semana, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, garantia que o Governo está “muito empenhado” em retomar as negociações que devem decorrer num ambiente de "lealdade, cordialidade e respeito negocial".