Remodelar o Governo é a tarefa mais difícil e exige “sangue frio”, afirma Aníbal Cavaco Silva, antigo Presidente da República e primeiro-ministro.
Na apresentação do seu novo livro “O Primeiro-Ministro e a Arte de Governar”, esta sexta-feira, no Grémio Literário, em Lisboa, Cavaco Silva deixou vários ensinamentos.
Reconhece que não é possível cumprir tudo à risca e o mais difícil é remodelar o Governo.
“A substituição de três, quatro ou cinco ministros de uma assentada exige sangue frio, sigilo, preparação e execução meticulosas. Apanhar a comunicação social e o país político de surpresa é o ideal”, disse Cavaco Silva.
O antigo líder do PSD defende, também, que União Europeia não pode ser “bode expiatório” para os problemas de Portugal.
Sobre a adesão à zona euro, questionou em que situação estaria Portugal - país que em democracia já passou por três “gravíssimas crises financeiras” -, se estivesse fora do núcleo duro da União Europeia, sem acesso ao Banco Central Europeu e a um mercado financeiro internacional alargado.
“A União Europeia e a zona euro são indiscutivelmente o espaço em que Portugal pode realizar os objetivos de desenvolvimento. Portanto, importa ao Governo não cometer erros e não fazer da União Europeia o bode expiatório”, declarou.
O livro está pronto há oito meses, por isso os últimos casos do Governo de António Costa não influenciaram em nada, garantiu o antigo Presidente da República.
Cavaco Silva disse que a ideia para o livro “O Primeiro-Ministro e a Arte de Governar” nasceu “há 20 anos”, mas só agora foi possível publicar.
“O Primeiro-Ministro e a Arte de Governar” foi apresentado por Durão Barroso.
O antigo primeiro-ministro e presidente da Comissão Europeia apela a Cavaco Silva que, “por favor, continue” a intervir publicamente e a “incomodar todos aqueles que ficam nervosos” mesmo antes de Cavaco Silva falar.
Durão Barroso considera que Portugal está muito virado à esquerda e precisa de “respirar com os dois pulmões”.