A Ordem dos Médicos considera muito grave o caso do bebé recém-nascido que morreu a caminho do hospital de Portalegre, por não ter sido assistido pela viatura de emergência e reanimação (VMER) do INEM.
A Ordem exige uma investigação e adianta que tem recebido denúncias de vários buracos nas escalas das equipas médicas de suporte avançado de vida, em várias zonas do país.
“A Ordem detetou que têm surgido muitos buracos nas escalas – um problema que estava praticamente resolvido depois de 2014, com um despacho legal que define que nenhuma VMER pode ficar sem equipa médica”, afirma presidente do colégio da especialidade, Vítor Almeida, nesta sexta-feira.
“Têm de operar 24 horas sobre 24 horas, sempre disponíveis para a população”, diz o responsável à Renascença. “Em 2017, tínhamos uma taxa de operacionalidade muito elevada, mas neste momento verificamos que a situação está outra vez a regredir. Portanto, temos um incumprimento da lei que obriga ao funcionamento permanente das equipas por parte de várias VMER”, conclui.
Há uma semana, o bastonário da Ordem dos Médicos pediu ao presidente do INEM dados sobre as escalas dos últimos seis meses, em todo o país. Há várias regiões, sobretudo no interior, que podem estar sem equipas médicas de suporte avançado de vida 24 horas por dia.
Vítor Almeida diz que “é preciso verificar que períodos estiveram inoperacionais e depois cruzar essa informação com as situações de gravidade máxima, para onde esse socorro deveria ter sido dirigido e que depois acabaram por não ter essa assistência a que deveriam ter direito”.
Vítor Almeida diz ainda que a falta de equipas não é uma responsabilidade direta do INEM, mas dos “conselhos de administração dos hospitais e que envolve depois toda a cadeia hierárquica até à ministra da Saúde”.
Na quinta-feira, um bebé de oito dias morreu no hospital de Portalegre "por falta de socorro médico".
Segundo a revista “Sábado”, “o socorro foi pedido pelo pai da criança e os bombeiros foram acionados às 9h33”, depois de o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) ter dito que a VMER "do hospital de Portalegre não estava operacional".
A diretora clínica do hospital de Portalegre, Vera Escoto, já confirmou que a VMER esteve sem médico durante mais de seis horas, “entre as 9h00 e as 15h40”.