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A ansiedade é grande junto à Mesquita Central de Lisboa, onde vários crentes descalços se encaminham para os seus lugares na sala de oração, depois de terem ficado dois meses privados de o fazer, devido à pandemia da covid-19.
É naquele lugar de culto muçulmano que as pessoas se aproximam, com os seus tapetes, a uma grande tira de plástico que marca as novas posições. Agora, os fiéis ficam separados por dois lugares, de modo a cumprir a distância de segurança.
Em declarações à agência Lusa, o xeque David Munir diz que a Comunidade Islâmica de Lisboa (CIL) se adaptou conforme as regras da Direção-Geral da Saúde (DGS), revelando que a principal oração, que decorre à sexta-feira, não se vai realizar tão cedo.
“Quando se falou das reaberturas dos espaços religiosos, a Comunidade Islâmica refletiu e pensou em criarmos condições para as pessoas virem fazer as suas orações”, observa.
De acordo com o imã da Mesquita Central de Lisboa, foram criadas regras de distanciamento social e as pessoas são obrigadas a usar máscara durante as orações, bem como a levar o seu próprio tapete.
Alertando os crentes para ficarem o menos tempo possível nas instalações, o xeque Munir anuncia que o espaço religioso estará encerrado à hora do Salat al-Jummah, que junta cerca de 1.200 pessoas.
“Sexta-feira é o dia mais importante. À hora de almoço temos a oração mais importante, e, por enquanto, a Mesquita Central de Lisboa, para oração das sextas-feiras, não irá abrir”, afirma David Munir, no átrio do lugar de culto muçulmano.
Sem apontar para uma data de início para o Salat al-Jummah, o representante diz que a decisão irá depender da evolução da pandemia. As mesquitas estavam encerradas desde 19 de março, quando o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, decretou estado de emergência.
Num dos corredores, já no fim da oração, está Abdul Seco, para quem foi triste o tempo em que a mesquita esteve encerrada.
“Todos nós vivemos esta pandemia com alguma tristeza. A questão de voltar novamente aos cultos, às orações, é uma forma de nos alimentarmos também espiritualmente em congregação”, salienta à Lusa.
Para Abdul Seco, regressar ao lugar de culto religioso é uma forma de voltar “a ter esperança”.
“É agradável voltarmos a ver as pessoas com que nós sempre convivemos, é agradável voltarmos à casa de Deus e voltarmos à nutrição espiritual”, diz, lembrando que o período do Ramadão, entre 23 de abril e 23 de maio, foi “bastante doloroso”.
Numa cadeira de rodas, já com alguma idade, encontra-se Hasham Abdulla, que se manifesta emocionado com o regresso à normalidade.
“Sinto-me muito contente, muito contente”, exclama, referindo que “os muçulmanos estão a rezar por Portugal, estão a rezar por causa da doença [covid-19]”.
No dia em que Mesquita Central de Lisboa reabriu, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve presente na oração das 14:00, tendo agradecido o sacrifício da comunidade muçulmana nos últimos dois meses.
“Quero agradecer-vos a forma tão sensível como assumiram o sacrifício dos atos coletivos de manifestação da vossa fé a pensar na vida e na saúde de todos os portugueses”, disse.