O patriarca da Igreja Ortodoxa russa, Cirilo, pediu hoje a Moscovo e Kiev um cessar-fogo na guerra da Ucrânia devido às festividades do Natal ortodoxo.
"Eu, Cirilo, Patriarca de Moscovo e de toda a Rússia, dirijo-me a todas as partes envolvidas no conflito fratricida para os convocar a estabelecer um cessar-fogo e selar uma trégua de Natal das 12:00 de 06 de janeiro às 00:00 de 07 de janeiro para que a população ortodoxa possa ir à missa na véspera de Natal e no dia do nascimento de Jesus Cristo", declarou o patriarca ortodoxo russo numa mensagem publicada no portal oficial da Igreja Ortodoxa russa.
A Rússia e a Ucrânia são países cuja população é principalmente de fé ortodoxa, mas Kiev afastou-se da tutela religiosa de Moscovo nos últimos anos, principalmente ao fundar uma igreja independente.
O Patriarca Cirilo fez sermões desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, nos quais deu a sua bênção às tropas russas enquanto criticava as autoridades ucranianas.
A Ucrânia, por outro lado, realizou uma série de buscas em igrejas e mosteiros dependentes do Patriarcado de Moscovo como medida de contraespionagem.
Mesmo que a Igreja Ortodoxa ucraniana dependente do Patriarcado de Moscovo tenha rompido relações com a Rússia em maio, vários dos seus dignitários foram sancionados por Kiev devido às suas posições consideradas pró-Rússia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.919 civis mortos e 11.075 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.