A organização internacional médica-humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) alerta que muitos dos pacientes que atende já “estão a sofrer diretamente os impactos da crise climática na saúde e que muito pouco está a ser feito para proteger estas pessoas, as quais pagam em alguns casos com a própria vida por um problema que não criaram”.
“As pessoas mais vulneráveis do mundo estão a pagar com a sua saúde e com as suas vidas por um problema que eles não criaram”, denuncia em comunicado o presidente internacional de MSF.
Christos Christou considera que “é absurdo e trágico que aqueles que são os menos responsáveis pelas emissões que geram a emergência climática sejam deixados a sofrer as consequências”.
“Isto mostra que não estão apenas numa crise climática, mas também numa crise de humanidade e solidariedade”, acrescenta.
Para a organização internacional “a emergência climática é uma emergência sanitária e humanitária”, alertando para “graves impactos na saúde”, devido às alterações climáticas, que tendem a aumentar ao longo do tempo à medida que o planeta aquece”.
Neste contexto, a MSF insta os líderes mundiais reunidos no Dubai para a COP28 a tomarem medidas urgentes para proteger a saúde das comunidades mais afetadas.
"Não é um problema futuro, está a acontecer agora"
Lembrando que, em 2023, a MSF providenciou cuidados a pacientes que enfrentaram inundações no Sudão do Sul, ciclones em Myanmar, Madagáscar e Moçambique, e secas prolongadas que provocaram fome no Corno de África, a organização insiste que “este não é um problema futuro; está a acontecer agora”.
“E está a acontecer porque a liderança política global não conseguiu apresentar resultados sobre os compromissos assumidos no sentido de reduzir as emissões e cumprir as suas promessas de apoiar o mais possível os países afetados para se adaptarem”, acrescenta.
“Não podemos dar-nos ao luxo de mais um fracasso", diz Christou, questionando “Quantos anos mais se passarão, quantas COPs mais e quantas mais vidas serão afetadas – ou perdidas – sem que medidas concretas sejam decididas e postas em prática?”
Pela primeira vez, a COP tem especificamente um Dia da Saúde, a 3 de dezembro, e uma reunião interministerial sobre saúde a decorrer nesse mesmo dia.
A MSF participa com uma delegação constituída pelo presidente internacional, Christos Christou, pela secretária médica internacional, Maria Guevara, e pelo diretor-geral Stephen Cornish.
Christos Christou fará uma intervenção aos chefes de Estado e à presidência da COP28 na manhã de sábado, 2 de dezembro, e participará na reunião interministerial sobre saúde, a 3 de dezembro.