O ministro das Finanças, Mário Centeno, mentiu na comissão de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e isso pode ter consequências penais, avisa o CDS.
O deputado João Almeida disse esta quinta-feira, em conferência de imprensa, que houve uma "quebra de verdade" de Mário Centeno quando disse aos deputados que não havia qualquer acordo para desobrigar a ex-administração da Caixa Geral de Depósitos de apresentar declarações de rendimentos e património.
“A 23 de Novembro do ano passado o CDS pediu ao Ministério das Finanças toda a documentação trocada entre António Domingues [presidente da Caixa na altura] e o Ministério das Finanças que, de alguma forma, pudesse estar relacionada com as condições que eram postas para que essas pessoas assumissem a administração da Caixa Geral de Depósitos. A 3 de Janeiro deste ano o ministro das Finanças disse à comissão de inquérito que essas comunicações eram inexistentes. Uma vez que já chegaram à comissão de inquérito essas comunicações, é evidente que afinal existe o que, em Janeiro, o ministro das Finanças disse que inexistia”, argumenta o CDS.
“Perguntaremos ao ministro das Finanças se quer voltar atrás na resposta que deu a 3 de Janeiro, lembrando as consequências penais de mentir numa comissão de inquérito”, refere João Almeida. Em causa pode estar o crime de perjúrio, de prestar falsas declarações.
Questionado pelos jornalistas se o CDS defende a demissão do ministro das Finanças, o deputado respondeu que cabe ao primeiro-ministro, António Costa, tirar ilações do caso Caixa, mas deu a entender que Mário Centeno não terá condições para continuar no cargo.
O PSD apresentou esta quinta-feira um requerimento potestativo para ouvir novamente Mário Centeno na comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da Caixa Geral de Depósitos.
Em declarações à Renascença, o social-democrata Paulo Rangel acusa o ministro das Finanças de mentir e defende que a única saída para Mário Centeno é apresentar a demissão.
“Ninguém respeita um ministro das Finanças que negoceia leis com escritórios privados, que mente ao Parlamento, que mente à opinião pública. A única solução é que o ministro Mário Centeno apresente a demissão, com isso cai a sua equipa e banimos também aquele que foi já posto, na segunda-feira, estrategicamente no lugar para o vir a substituir, que é o secretário de Estado Mourinho Félix, que claramente foi o grande operacional desta lamentável situação”, conclui Paulo Rangel.