O presidente de Cuba, Miguel Diáz-Canel, disse esta terça-feira que a Rússia e Cuba têm o mesmo inimigo, "o império ianque", numa alusão aos Estados Unidos.
“Tanto a Rússia como Cuba estão submetidas a sanções, cuja origem vem do mesmo inimigo, o império ianque, que tem manipulado uma parte importante do mundo”, afirmou Diáz-Canel, em Moscovo, no início de uma reunião com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, que o recebeu no Kremlin.
O presidente cubano, que está na Rússia a cumprir a segunda etapa de uma digressão que já o levou à Argélia, prosseguirá na Turquia e terminará na China, qualificou as sanções contra os dois países como “injustas” e “arbitrárias”
“Mas a Rússia pode sempre contar com Cuba”, frisou Diáz-Canel, que se declarou como “admirador” da “grande liderança” de Putin e sublinhou que Havana sempre condenou as sanções impostas a Moscovo pelo Ocidente devido à campanha militar na Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro passado.
“O nosso primeiro compromisso tem sido o de continuar a defender a posição da Federação Russa diante desse conflito que foi criado e, infelizmente, tem uma origem manipulada pelo Governo dos Estados Unidos na opinião pública internacional”, comentou.
Por isso, para evitar manipulações, evocou o discurso de Putin, em setembro, quando anexou quatro regiões ucranianas, o que demonstrou “um pensamento muito bem estruturado”.
“Há muito tempo que [Moscovo] vinha a alertar o mundo que era inadmissível o avanço da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] em direção às fronteiras russas. Os Estados Unidos manipularam a situação, tentaram encontrar na guerra, como sempre fazem nas guerras extraterritoriais […], a possibilidade de emergir como o grande solucionador de problemas” disse.
Por seu lado, Putin lembrou que Moscovo sempre se opôs ao bloqueio norte-americano da ilha e apoiou Havana em todas as situações no cenário internacional.
“Tudo isso é fruto da tradicional amizade que foi cimentada pelo camarada Fidel Castro”, afirmou Putin, defendendo que os dois países devem reforçar a cooperação e traçar planos para o desenvolvimento das relações até 2030.
Putin, que inaugurou hoje uma estátua de Fidel Castro na capital russa, recordou os encontros que teve com o líder revolucionário cubano entre 2000 e 2014.
“É o símbolo de toda uma época, a época do movimento de libertação nacional, do fim do sistema colonial e da criação dos nossos Estados independentes e soberanos na América Latina e na África”, afirmou.
“Fidel Castro dedicou toda a sua vida a uma luta incondicional pelo triunfo das ideias do bem, da paz e da justiça. Por isso, é justamente considerado um dos líderes mais brilhantes e carismáticos” do século XX, declarou Putin.
Uma estátua de bronze de três metros de altura foi erguida na Praça Fidel Castro, localizada no bairro de Sokol, no noroeste da capital russa.
A iniciativa de erguer uma estátua em homenagem ao líder cubano foi da Sociedade Histórica Militar Russa, que destinou 20 milhões de rublos (cerca de 333 mil dólares) para esse fim.
A praça recebeu o nome de Fidel Castro em 2017, um ano após a morte do líder revolucionário, a 25 de novembro de 2016. Não muito longe estão também as ruas dedicadas aos falecidos presidentes do Chile, Salvador Allende, e da Venezuela, Hugo Chavez.
A inauguração da estátua ocorreu três dias antes da celebração do sexto aniversário da morte do líder da Revolução Cubana, que visitou Moscovo pela última vez em 1987, no tempo da então União Soviética, extinta em 1991.